Quarentena impõe novas rotinas e requer muito diálogo entre familiares
Por ALECE31/03/2020 14:36 | Atualizado há 1 ano
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A necessidade de isolamento e o distanciamento social, medidas de prevenção para evitar a disseminação da Covid-19, o novo coronavírus, alteraram a rotina das famílias e impuseram desafios específicos para as crianças, que podem acumular dúvidas e receios neste período.
A psicóloga Nara Guimarães, do Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Assembleia Legislativa do Ceará, aponta que com aulas e demais atividades das crianças e adolescentes suspensas, assim como efetivação do trabalho remoto para muitos profissionais, a conciliação entre diferentes demandas e sentimentos exige diálogo, transparência e tranquilidade para as famílias.
Segundo ela, é importante que as crianças percebam a realidade dos fatos de acordo com o que podem absorver e isso pode ser percebido com diálogo. “É interessante sentar, conversar, escutar as perguntas, saber o que a criança está entendendo desse período e responder da forma mais clara possível”, comenta.
“É um momento novo para todos nós, então é importante que os pais manejem a própria ansiedade e medo frente ao futuro para que as crianças não absorvam tudo isso”, ressalta a psicóloga.
Nara indica ainda que, aqueles que estão atravessando momentos de insegurança e medo podem contar com a ajuda de um profissional habilitado, uma vez que psicólogos e psiquiatras estão autorizados a atender online durante esta pandemia.
Construir uma rotina
Mesmo diante de mudanças bruscas na forma como todos estão vivendo os dias de quarentena, o estabelecimento de uma rotina é muito importante, destaca a psicóloga Nara Guimarães.
“A rotina proporciona uma noção de segurança e bem estar. Temos visto dificuldades de algumas famílias em criar isso, mas é importante buscar manter uma rotina saudável, mas fazendo algumas concessões, justamente por ser um momento atípico”, comenta. Entre as regras que podem ser mais flexíveis, a depender da realidade de cada família, está o período dedicado a jogos e TV, por exemplo, uma vez que há o impedimento de sair de casa.
Para pais e mães que estão trabalhando de forma remota, negociar com as crianças o tempo dedicado às demandas do trabalho é importante, comenta Nara. Ela sugere que um “mini home office” seja montado para que as crianças façam suas tarefas e atividades, assim como pausas combinadas para fazerem lanches juntos. “É preciso ativar o lúdico para uma melhor compreensão deste momento”, diz.
Nas últimas semanas, indica a psicóloga, muitos materiais com diversas atividades para ser realizadas com as crianças foram compartilhados nas redes sociais, assim como acervos de livros e músicas. E, diante do tempo juntos e da restrição ao ambiente domiciliar, é interessante viver tais momentos lúdicos.
No entanto, ressalta, “é importante que os pais não vivam a pressão de estar a todo momento “entretendo” os filhos frente à realidade, sublimando o momento difícil. É necessário que as crianças também sintam as limitações e frustrações do momento. Algumas horas vai ser chato mesmo e as crianças vão lidar com a frustração. Devemos lembrar que é um período, é temporário”, comenta.
Diante de tantos desafios e incertezas, Nara Guimarães comenta que um movimento interessante tem sido percebido nos atendimentos e acompanhamentos online que faz com as famílias: o prazer que as crianças estão tendo em ter os pais por perto por mais tempo.
Segundo ela, essa convivência mais estreita permite que as crianças criem memórias afetivas importantes para a infância e para este momento e permite que as famílias possam aprofundar as relações. “É um efeito colateral positivo em meio a tanta dor e medo”, aponta.
(Da Agência de Notícias da AL)
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