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"Sertão Confederado" tem apresentação gratuita no Teatro Dragão do Mar

Por Júlio Sonsol, com com site do Instituto Dragão do Mar
28/11/2024 08:54 | Atualizado há 3 horas

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Espetáculo terá exibição nesta quinta-feira (28/11) Espetáculo terá exibição nesta quinta-feira (28/11) - Foto: Divulgação/Instituto Dragão do Mar

A peça "Sertão Confederado", que será exibida no Teatro Dragão do Mar em Fortaleza nesta quinta-feira, 28 de novembro de 2024, às 20 horas, promete uma experiência teatral marcante. Sob direção de Herê Aquino e dramaturgia de Mailson Furtado, vencedor do Prêmio Jabuti, o espetáculo aborda a histórica Confederação do Equador a partir de um olhar que entrelaça a luta política do século XIX com uma sensibilidade contemporânea.

A Confederação do Equador foi uma revolta republicana que se espalhou pelo Nordeste em 1824, como resposta ao autoritarismo de Dom Pedro I. Apesar de ter sido derrotado em poucos meses, o movimento trouxe à tona personagens icônicos que marcaram a resistência nordestina, como Bárbara de Alencar, Tristão Gonçalves e Padre Mororó. A peça se propõe a revisitar essa narrativa histórica, muitas vezes reduzida a nomes de ruas e praças, oferecendo uma perspectiva renovada, sobretudo feminina.

Em "Sertão Confederado", Ana Triste, esposa de Tristão Gonçalves, assume o papel de narradora. Essa escolha confere ao espetáculo uma dimensão intimista, ao mesmo tempo que ilumina o papel das mulheres na luta pela liberdade, frequentemente relegado aos bastidores. Segundo Herê Aquino, a proposta é usar a arte para resgatar fatos históricos e conectá-los à realidade contemporânea de forma impactante.

Elementos cênicos e produção

A dramaturgia de Mailson Furtado se destaca pela sua capacidade de articular história e emoção. Ele integra elementos documentais a uma narrativa que explora tanto os aspectos grandiosos do movimento republicano quanto as dores pessoais dos envolvidos. A escolha de Ana Triste como narradora é particularmente interessante, pois oferece um olhar distanciado e poético sobre os eventos, ao mesmo tempo que revela o protagonismo de figuras geralmente ignoradas pela historiografia tradicional.

A peça é permeada por questionamentos sobre resistência, sacrifício e os custos da luta pela liberdade. A abordagem do grupo cênico também é inovadora ao introduzir uma forte conexão entre a história da Confederação do Equador e a realidade sertaneja, representando o nordeste como espaço de resiliência e cultura rica. Ao destacar figuras locais como Bárbara de Alencar, a obra busca dar voz aos invisibilizados, enquanto resgata suas histórias para o presente.

Espetáculo será exibido em sete municípios - Foto: Divulgação/Instituto Dragão do Mar

O espetáculo conta com uma equipe de produção experiente e criativa. A direção de Herê Aquino é fundamentada em sua pesquisa sobre teatro como meio de comunicação transformadora. O elenco, uma colaboração entre o Grupo CriAr de Teatro e a Cia Prisma de Artes, se dedica a performances que equilibram emoção e fidelidade histórica.

Os recursos cênicos incluem uma cenografia minimalista, projetada para evocar o sertão e seu simbolismo. Os figurinos remetem ao período histórico, mas são enriquecidos com detalhes estilizados, conectando passado e presente. A trilha sonora, com inspiração na música nordestina, é uma presença constante, auxiliando na construção de uma atmosfera tanto histórica quanto emocional​.

Saiba mais

Com uma única exibição no Dragão do Mar, a expectativa é que o público vivencie uma obra que mistura o épico e o íntimo, revelando camadas da história brasileira que merecem maior atenção. O acesso gratuito também reflete o compromisso dos organizadores em democratizar o acesso à cultura.

A apresentação de "Sertão Confederado" não é apenas um espetáculo teatral, mas um convite à reflexão sobre as raízes da resistência e o papel do sertão como palco de lutas fundamentais na construção do Brasil​.

Ao todo,  serão mais dez sessões gratuitas, ainda sem datas divulgadas, que vão percorrer as cidades de Fortaleza, Aracati, Icó, Sobral, Crato, Quixeramobim e Groaíras. O maior desafio da produção foi juntar dois grupos de teatro e relacionar nas cenas questões do passado e do presente.

Edição: Salomão de Castro

 

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