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Regime Militar representa período traumático para o país, 56 anos depois

Por ALECE
31/03/2020 18:35

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Castello Branco, presidente empossado com a vigência do Regime Militar, em 1964 Castello Branco, presidente empossado com a vigência do Regime Militar, em 1964 - Foto: Divulgação/ site Fortaleza em fotos e fatos

Após 56 anos, a derrubada do presidente João Goulart por lideranças militares, que deu início ao Regime Militar (1964-1985), deixou traumas na sociedade brasileira. O período histórico, que se iniciou em 31 de março de 1964, com a posse do presidente Humberto de Alencar Castello Branco, contou com a participação de líderes políticos do Ceará em momentos marcantes.

Os fatos que antecederam o início do Regime Militar foram dramáticos. Em 30 de março de 1964, à noite, o então deputado federal Mauro Benevides (à época do Partido Social Democrático, o PSD) se encontrava na residência do governador Virgílio Távora e foi impedido de se deslocar ao município de Quixeramobim devido a um telefonema atendido pelo gestor estadual.

Na ligação, o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, alertara Virgílio sobre o regime que se iniciaria, suspendendo o período democrático no país. Na ocasião, o então deputado estadual Raimundo Ivan Barroso de Oliveira, do Partido Social Progressista (PSP), chegou a se abrigar na Assembleia Legislativa do Ceará, após denunciar que estava sendo seguido por homens em um carro pelas ruas de Fortaleza.

Período marcado por cassações de mandatos

Os dias que se seguiram agravaram as tensões, com a cassação de mandatos de lideranças políticas que se opunham à tomada de poder pelos militares e, consequentemente, representava ruptura do processo democrático no Brasil. Em 9 de abril de 1964, seis deputados estaduais do Estado do Ceará foram cassados por motivos políticos: o próprio Raimundo Ivan, além de José Pontes Neto, Amadeu Arrais, José Fiúza Gomes, Aníbal Fernandes Bonavides e Blanchard Girão. Depois de formalizadas as cassações, todos foram presos no 23º Batalhão de Caçadores. Posteriormente, eles teriam o decoro parlamentar restituído pelo Poder Legislativo.

As cassações atingiram ainda três vereadores por Fortaleza: Tarcísio Leitão, Manoel Aguiar de Arruda e Luciano Barreira. Em 2011, por iniciativa da então vereadora Eliana Gomes (PCdoB) e do presidente da Câmara, o atual deputado estadual Acrísio Sena (PT), o Poder Legislativo municipal restaurou o decoro parlamentar dos vereadores cassados.

A retomada da democracia no Brasil viria apenas em 1985, com a eleição indireta de Tancredo Neves (PMDB) à Presidência da República, sendo consolidada com a Constituição de 1988 e a eleição presidencial de 1989. Na primeira eleição direta após o Regime Militar, os brasileiros elegeram o ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello (PRN), presidente da República.

Lei estadual proíbe homenagens a torturadores

Além das cassações, o período foi marcado por torturas e assassinatos de militantes políticos, gerando comoção e transtorno para muitas famílias. A Assembleia Legislativa do Ceará deu uma contribuição para que o resgate histórico do período compreendido entre 1964 e 1985 seja feito com justiça. Uma lei estadual, de janeiro de 2019, proíbe a administração pública de homenagear qualquer pessoa que tenha seu nome no Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, documento divulgado em 2014 com os envolvidos nas torturas e mortes do regime.

O autor do projeto foi o deputado Renato Roseno (PSOL). Durante a tramitação do projeto, ele contou que ficava indignado ao ver prédios públicos, como escolas, levando nome de ditadores. Aprovado pela Assembleia em dezembro de 2018, o projeto foi posteriormente sancionado pelo governador Camilo Santana (PT).

SC

 

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