Comitê de Estudos de Limites e Divisas Territoriais do Ceará

Celditec visita instituições religiosas em área de litígio entre Piauí e Ceará

Por Júlio Sonsol
16/10/2023 07:29 | Atualizado há 1 ano

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Equipe do Celditec com dom Francisco Edmilson Neves, de Tianguá Equipe do Celditec com dom Francisco Edmilson Neves, de Tianguá - Foto: Divulgação/Celditec

Com o objetivo de colher mais subsídios sobre as áreas de litígio entre Ceará e Piauí, comprovando o pertencimento ao primeiro estado, o coordenador do Comitê de Estudos e Limites Territoriais do Ceará (Celditec), da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Luís Carlos Mourão consolida, neste mês, resultados de audiências realizadas nos municípios de Crateús e Tianguá, com os Bispos dom Ailton Menegussi, da Diocese de Crateús, e dom Francisco Edmilson da Diocese de Tianguá. Os encontros foram realizados em setembro.

"O objetivo maior foi o de recolher documentos que confirmem a presença e administração cearense, desde antes da criação das dioceses, as capelas, igrejas e paróquias. Estas instituições desempenharam um papel fundamental na formação e consolidação das comunidades locais", acentua o coordenador, revelando que  o apoio incondicional do presidente Evandro Leitão está sendo fundamental para as ações e movimentações do Comitê.

Segundo ele, nas duas cúrias diocesanas existem documentos que registram fatos como a chegada dos primeiros padres, suas atividades missionárias, a construção das primeiras capelas e igrejas, além de outros eventos significativos relacionados à fé e às comunidades. "Especificamente, também buscamos localizar igrejas pertencentes às dioceses, com datas de fundação, bem como locais de peregrinação religiosa, entre outras informações", observa.

Para tanto, Luís Carlos Mourão informa ter sido recebido pelos dois bispos, quando abordou a questão do litígio, o papel que a religião e a cultura local desempenham na resolução do litígio. "Conversamos também sobre a crença popular e o aparecimento de ´mártires´ que residiram nas áreas de litígio. Em Crateús fomos recebidos por dom Ailton Menegussi, e pelo padre Neto, líder da Paróquia Senhor do Bonfim, uma das mais antigas do Ceará", recorda.

Equipe do Celditec com dom Ailton Meneguessi, bispo de Crateús - Foto: Divulgação/Celditec

Nas duas oportunidades, o coordenador entregou um informativo expondo sobre a busca de documentos procurados. "Os dois religiosos se comprometeram em realizar pesquisas e nos encaminhar tudo que for encontro, no sentido de fortalecer o pertencimento da região ao Estado do Ceará", assinala.

O papel dos mártires

Em Tianguá, foi informado, em audiência com dom Francisco Edmilson Neves Ferreira, de que há no sentimento popular dois mártires que são considerados beatos. "Em Tianguá, temos a beata Francisca Carla, que faleceu em 1935, depois de contrair hanseníase. A partir da descoberta da doença, a vida de Francisca Carla tornou-se um verdadeiro calvário: foi deixada por sua própria família adotiva num casebre no meio da mata", acentua.

via crucis da beata, de acordo com Luís Carlos Mourão, perdurou cinco anos, sobrevivendo de doações deixadas por pessoas, que muitas vezes transitavam pelo caminho uma única vez por semana. Totalmente entregue à solidão e ao sofrimento que a doença e o isolamento lhe proporcionaram, Francisca Carla faleceu dia 22 de abril de 1953, aponta o coordenador do Celditec.

Francisca Carla hoje é tida como santa por toda a região, mártir amplamente venerada pela devoção popular. No local de sua morte foi erguida uma capela, até hoje visitada por moradores da região e de outras cidades. A capela transformou-se num local de oração, em que os fiéis depositam os seus pedidos de intercessão. Em 2007, o escritor tianguaense Luiz Gonzaga Bezerra lançou o livro Um olhar sobre Francisca Carla e outros fatos sobre Tianguá, traçando um perfil biográfico sobre a mártir. Já em 2011, foi lançado o curta-metragem Francisca Carla, do diretor Natal Portela, narrando toda a saga da beata.

Localidade em que foi enterrada Francisca Carla, no Sítio Lagoa do Padre, em Tianguá - Foto: Divulgação/Celditec

De acordo com Luís Carlos Mourão, na localidade de Lagoa do Carnaubal, de Viçosa do Ceará, dentro da área de litígio, existe um local que virou palco de Romarias nos dias 1 e 2 de novembro, para visitar a Cruz do Finado Cesário. "O local virou roteiro para turismo religioso devido ao grande número de depoimentos de graças e favores alcançados em nome do jovem de 17 anos, Cesário Luiz dos Santos. Em 1925, acusado de um crime que não cometeu, ele foi barbaramente assassinado", aponta.

O coordenador conta que anualmente há missa no Dia de Finados (2 de novembro) neste logradouro e a população se reúne em procissão, numa caminhada de nove quilômetros, da Vila Padre Vieira até o local considerado sagrado. "São comuns depoimentos emocionados de pessoas que tiveram atendidos seus pedidos, alcançando curas, realizando conquistas materiais e profissionais", revela.

Saiba mais

Também foi visitada pelo coordenador a localidade de Três Irmãos, no distrito Santa Teresa, em Croatá. "Na comunidade dos Quilombolas, recolhemos documentos para a Ação Judicial que a Procuradoria da Alece está organizando no sentido ingressar com esta comunidade no processo de litígio como Amicus curiae (expressão latina que designa uma instituição que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto)", assevera Luís Carlos Mourão.  

Ele esclareceu que foi feita uma ponte com o presidente do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC), Acrísio Sena e a Presidente da Associação dos Quilombolas, para a formalização de parceria para levar a formação profissional para dentro da comunidade quilombola através dos CVTs, atendendo uma demanda da própria comunidade de inserção no mercado de trabalho conforme a vocação local, tendo a oportunidade de capacitação ou até mesmo empreender, fortalecendo a renda local e familiar.      

Edição: Salomão de Castro

 

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