Transição para voto eletrônico foi realizada após irregularidades na votação manual
Por ALECE16/08/2022 11:59 | Atualizado há 1 ano
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O avanço do sistema eleitoral brasileiro na transição do voto manual para o eletrônico, ao longo de 90 anos, se deu paulatinamente. De início, a universalização deixou de fora os analfabetos, que passariam a ter direito de fazer parte do processo somente a partir de 1985, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 25, que modificou a Constituição de 1967.
Com a cidadania garantida constitucionalmente para todos os brasileiros, o desafio passou a ser o de modernizar os pleitos, tornando-os mais rápidos, transparentes, de modo a apresentar um retrato fiel da vontade do povo. Começava um trabalho que iria esbarrar no modelo cultural de fazer política no Brasil vigente à época.
Até a universalização do voto eletrônico, a influência das lideranças regionais no voto dos eleitores das cidades brasileiras era enorme, sobretudo nas capitais e municípios abaixo de 200 mil eleitores, no interior dos estados. As cidades tinham seus pleitos polarizados, quase sempre por famílias da região que se alternavam no poder. Para estes caciques, como eram chamados, não interessava modernização no processo, pois isso acabaria paulatinamente com os “currais eleitorais”, denominação dada popularmente às zonas de interferência direta, que muitas vezes decidiam as eleições em favor de seus candidatos.
Isso deixava as eleições sob forte tensão e o sistema inteiramente manual criava um ambiente onde a possibilidade de fraude exigia forte fiscalização e colocava os resultados em suspeição em várias eleições. Situações assim criaram o ambiente necessário à evolução do processo eleitoral, para culminar na adoção do voto eletrônico.
Dificuldades enfrentadas pelos mesários
Em Morada Nova, interior do Ceará, o contador Edivânio Lima trabalhou como mesário em 1996, quando a votação ainda era manual fora das capitais dos estados. “Havia muita reclamação sobre a demora do processo. Alguns eleitores alegavam que não sabiam votar e queriam ser acompanhados por terceiros até a urna, o que é proibido”, aponta.
Edivânio enfatiza que no município a disputa quase sempre era entre as famílias Castro e Girão e os grupos políticos eram conhecidos por codinomes de pássaros (Caborés e Corujas). Ele ressalta que nas eleições para prefeito, os ânimos ficavam mais acirrados, a ponto dos fiscais buscarem interferir nos trabalhos das mesas coletoras de votos. “Em alguns casos era necessário a intervenção de pessoas da Justiça Eleitoral e da polícia”, conta Edivanio.
Confiabilidade das eleições
O processo manual de votação e apuração perdurou até 1996, quando aconteceu a primeira eleição com uso da urna eletrônica - inicialmente, em 57 cidades acima de 200 mil eleitores. Desde então, aumentou substancialmente a rapidez nos pleitos, no que se refere à votação e, principalmente, à apuração dos votos. O sistema novo permitiu a eliminação do contato pessoal direto com o voto, evitando possíveis manipulações de resultados - em especial quando da contagem dos sufrágios.
É isso que atesta também o jornalista Paulo Verlaine, que cobriu vários pleitos, como editor e repórter dos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", bem como ombudsman do último. Para ele, não há como comparar os sistemas. "Há 26 anos, a informatização e o desenvolvimento tecnológico proporcionaram um alto avanço ao sistema, que ganhou rapidez e maior confiabilidade”, avalia.
Verlaine relembra como eram frágeis as apurações à época do voto em papel. “Quando realizadas as eleições usando as tradicionais urnas de lona e cédulas de papel, os resultados eram muitas vezes questionados. O ponto principal de fragilidade era o da apuração, feita manualmente pelos escrutinadores. Neste processo, em virtude do alto número de votos em branco e votos nulos, a possibilidade de fraudes era evidente", aponta Verlaine, que também atuou profissionalmente em campanhas eleitorais e na cobertura jornalística das atividades do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Paulo Verlaine aponta o surgimento do que veio a se chamar de “mapismo”, prática irregular, pela qual os números de votos da urna física não coincidiam com os dos mapas de apuração (formulário para onde eram transcritos os votos da urna). Segundo o jornalista, o mais importante é que o processo eletrônico, usando a tecnologia nas urnas eletrônicas e na apuração, está sob constante aprimoramento. “É essencial que o processo garanta resultados representativos da vontade dos eleitores”, enfatiza.
Em comum, os relatos de Edivânio e Verlaine apontam que, seja no interior ou nas capitais, a fragilidade do processo eleitoral, quando da votação manual, justificou a mudança para o voto eletrônico, aperfeiçoando o processo democrático em nosso País.
No vídeo abaixo desta matéria, o contador Edivânio Lima relata sua experiência como mesário desde que atuou nas eleições de 1996, no município de Morada Nova, até 2018, quando da eleição para a Presidência da República, Governo do Estado, 2/3 do Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa.
SC/PV
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