"Rustin" revela o homem por trás da mobilização por direitos civis nos Estados Unidos
Por Júlio Sonsol24/11/2023 15:01 | Atualizado há 11 meses
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Martin Luther King Junior proferiu, na cidade de Washington (Estados Unidos), o seu mais notável discurso para cerca de 250 mil pessoas, a grande maioria negra, contra a desigualdade racial no país. Ele era pastor da Igreja Batista e se notabilizou pela sua militância em defesa dos direitos civis dos negros. Após esta grande mobilização, chegou a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, em 1964, entre outras condecorações, como reconhecimento por suas iniciativas pacifistas
Esta é a parte da história mais conhecida dos movimentos realizados pela redução das desigualdades raciais na América do Norte. O filme "Rustin", lançado pela plataforma Netflix, aborda um outro lado dos eventos que notabilizaram Luther King. Trata-se de uma produção cinebiográfica, dirigida por George C. Wolfe.
O protagonista, Bayard Rustin, era conhecido pela elegância ao vestir-se, usava um bigode ao estilo do ator Clark Gable e adotava sotaque britânico que lhe dava uma postura ainda mais refinada. Assumidamente homossexual, ele foi o mentor espiritual não-violento do reverendo Martin Luther King, o principal organizador da épica marcha de 1963 - episódio que completou 60 anos.
Foi Rustin o homem que organizou o que foi então o maior protesto em tempos de paz da história americana e acabou por se tornar conhecido como o “herói anônimo” do movimento, desaparecendo em grande parte na obscuridade com a sua morte, em 1987.
Sobre a trama
A cinebiografia retrata como Rustin superou uma série de obstáculos pessoais e políticos para realizar a Marcha em Washington. O filme, feito pela produtora do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e por sua esposa, Michelle Obama, surge em meio a um mini-renascimento do ativista.
O novo filme é uma boa introdução a Rustin e como ocorre a mudança social. Apontado como um dos pré-candidatos às premiações de 2024, dentre as quais Oscar e Globo de Ouro, o ator Colman Domingo capta muito do carisma e da inteligência astuta de Rustin. O filme expõe ainda algumas das maiores batalhas que os líderes dos direitos civis travaram para realizar a marcha.
Grande parte da urgência do filme é resultado de seu foco rígido. Está estruturado em torno da campanha de Rustin para organizar a marcha, mostrando como ele e 200 voluntários convocaram 250 mil manifestantes a Washington com apenas dois meses de planejamento. O grupo conseguiu o feito durante uma era de máquinas de escrever, telefones fixos e mimeógrafos, muito antes de existirem a Internet ou das redes sociais.
O movimento pelos direitos civis estava cheio de oradores carismáticos. No entanto, muitos dos seus maiores líderes definiram-se não pelo que disseram diante das câmaras, mas pelas decisões que tomaram em privado. "Rustin" volta a jogar luzes sobre um rico período histórico para os Estados Unidos e o mundo.
Serviço: "Rustin" (Estados Unidos, 2023). Disponível na Netflix (streaming). Direção: George C. Wolfe. Roteiro: Julian Breece e Dustin Lance Black. Elenco: Colman Domingo, Chris Rock, Glynn Turman, Audra McDonald. Duração: 108 minutos.
Edição: Salomão de Castro
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