Projeto busca orientar sobre Depressão Pós-Parto
Por ALECE24/03/2021 10:10
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Por iniciativa da deputada estadual Aderlânia Noronha (SD), tramita na Assembleia Legislativa do Ceará projeto de lei 304/19, que institui a Campanha de Orientação e Conscientização sobre a Depressão Pós-Parto no Ceará. De acordo com a proposição, são objetivos da campanha conscientizar sobre a depressão pós-parto; sensibilizar a população quanto à gravidade da depressão pós-parto; esclarecer sobre os sintomas e diagnóstico; e tornar conhecidas possíveis alternativas de tratamento.
Conforme dispõe o artigo terceiro do projeto, durante a campanha, o Estado poderá promover eventos, seminários, workshops, palestras, campanhas, aulas, distribuição de panfletos educativos, cartazes, concursos e outras atividades que contribuam para a divulgação do tema, com o objetivo de gerar reflexão e conscientização sobre a depressão. O Poder Executivo poderá fazer parcerias com a iniciativa privada para promover as ações previstas.
Em sua justificativa do projeto, a parlamentar aponta estimativas segundo as quais cerca de 60% das novas mães passam por uma forte melancolia após o parto. Cerca de 40% desenvolvem depressão, e 10% apresentam "baby blues", que é a forma mais severa de depressão pós-parto. "O projeto de lei busca diminuir o sofrimento da mulher que passa por mudanças físicas, emocionais e hormonais", afirma a deputada.
Ela explica ainda que a maternidade é um processo que altera a vida das mulheres, a partir do momento da descoberta da gravidez. "É uma mudança que a mulher experimenta para se tornar mãe, e, como todo processo de mudança, produz medo e insegurança", define Aderlânia Noronha.
Depressão pós-parto: transtorno recorrente
A psicóloga clínica Mayara Rios, do Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Assembleia, explica que a depressão pós-parto é um assunto ainda muito velado, mas que tem uma alta relevância. "É um transtorno de humor muito recorrente após a gravidez, afetando uma entre quatro mulheres parturientes", aponta. Em termos percentuais, isso significa que 25% das mães manifestam a DPP.
Conforme ressalta a psicóloga, existe uma diferença entre a tristeza materna e a depressão pós-parto. "Geralmente, na tristreza materna, a mãe tem alterações de humor transitórias, que duram por volta de um mês. A depressão pós-parto se caracteriza por uma tristeza profunda, sensação de desespero, falta de esperança, que podem aparecer em qualquer momento durante o primeiro ano após o nascimento do bebê", diferencia.
Os sintomas ficam, geralmente, presentes por no mínimo duas semanas, a cada crise. "Muitas vezes, são afetadas as atividades cotidianas, atrapalhando as rotinas. A depressão pós-parto é grave e devemos dar a devida atenção a ela. Os sintomas geralmente são perda de apetite, insônia, irritabilidade, raiva, fadiga, ansiedade, perda de libido, descontentamento, vergonha e culpa", lista a psicóloga clínica.
Mayara acrescenta que esta culpa vem porque a mãe não está feliz ou realizada, bem como julga não estar cumprindo bem o papel da maternidade. "São muitas coisas que a sociedade cobra nesse momento e se julga bastante. Também há a dificuldade de se relacionar com o bebê, podendo até surgir pensamentos de se machucar ou ao filho", afirma, em referência a manifestações mais graves.
Causas da depressão pós-parto
As causas que provocam a depressão pós-parto são a queda hormonal que acontece após o nascimento do bebê, causando alterações no organismo. "A mãe tem uma quantidade de hormônio e logo após o nascimento acontece uma grande mudança. Isso afeta o organismo e a mãe sente isso psicologicamente. Soma-se a isso a privação do sono, que afeta as nossas funções psíquicas", pontua.
Outra causa é a falta de apoio da família e do parceiro. "Muitas vezes quando a mãe tem um bebê, eu percebo, até pelos relatos de meus pacientes, que todos voltam a atenção para o bebê que chegou. A mãe muitas vezes se sente de lado e não é acolhida por essas pessoas", atesta. Para Mayara Rios, a falta de apoio da rede de relações da mãe acaba desencadeando para ela se sentir só e mais insegura.
Também assume papel relevante na depressão pós-parto a dificuldade financeira, conforme explica a psicóloga do DSAS. "A gravidez indesejada também é um fator que pode influenciar, porque é mais difícil de lidar com as mudanças, assim como com o isolamento social. A mãe, antes de ter o neném, tinha amigos, a família era presente, trabalhava, mas chega o filho e muito do tempo é tomado", frisa, destacando também como relevantes os fatores genéticos, quando há histórico de depressão na família.
Para a superação da depressão pós-parto, um dos fatores que assume grande relevância é o que a psicóloga nomina de rede de apoio. "A mãe se sentir acolhida e com a atenção de familiares, parceiro, médicos e orientadores, sem dúvida, é um importante passo. Essa mãe precisa de acolhimento. Por isso, essa campanha é muito importante, com uma semana de conscientização", avalia.
JS
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