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Premiado em Veneza, chega aos cinemas novo filme de Pedro Almodóvar

Por Salomão de Castro
22/10/2024 14:23 | Atualizado há 3 dias

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Tilda Swinton e Julianne Moore: duelo de atuações marca filme Tilda Swinton e Julianne Moore: duelo de atuações marca filme - Foto: Divulgação

“Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores”

Trecho de “Esquadros”, canção de Adriana Calcanhotto

Cineasta em atividade desde a década de 1980, o espanhol Pedro Almodóvar tem uma carreira consagrada. Seu estilo inconfundível angariou fãs ao longo das décadas: por meio do gênero melodrama, tramas que focam nas relações humanas se desenvolvem, com elementos característicos, dentre os quais a profusão de cores (seja no figurino ou cenários). Nesta quinta-feira (24/10), estreia “O Quarto ao Lado”, no Cinema do Dragão. O longa foi premiado com o Leão de Ouro (equivalente ao prêmio de melhor filme) no Festival de Veneza de 2024.

Trata-se de uma obra sobre a qual o ideal é saber o menos possível, nunca indo além de uma breve sinopse. Para que fiquemos no básico, estamos diante de uma escritora e jornalista consagrada, Ingrid (Julianne Moore), que, em meio ao lançamento de um livro, consegue informações que a permitem retomar o contato com uma antiga colega da redação de uma revista, Martha (Tilda Swinton).

Em sua fase mais recente, a obra de Almodóvar se desenvolve em ritmo mais lento, com menos personagens em cena. Isso já se deu com o autobiográfico “Dor e Glória” (2019), no qual o protagonista era um cineasta em seu crepúsculo profissional. O sexo, uma constante nos longas dirigidos e escritos por Almodóvar nos anos 1980 e 1990, aparece muito mais nas referências saudosistas. Já as reflexões existenciais dão o tom desse “novo Almodóvar” nos seus filmes atuais.

Em “O Quarto ao Lado”, Ingrid e Martha passam a lidar com a demanda de uma, que exigirá da outra uma decisão moral de grande peso. Lidando na maior parte do tempo com apenas as duas atrizes em cena, o filme dribla, com muita habilidade, as críticas existentes ao chamado “teatro filmado”, não sendo entediante em nenhum momento. Para isso, pesam bastante as grandes atuações de Moore e Swinton. Em vários momentos, fica difícil dizer qual delas está melhor em cena.

A quebra nesse duelo de interpretações se dá apenas com a presença de Damian (John Turturro) em cena. Após ter se relacionado com ambas no passado, ele retoma o contato com Ingrid e acaba sendo o único a poder aconselhá-la diante de um dilema crucial para a resolução do filme. E são dele os diálogos sobre questões contemporâneas preocupantes para grande parte da humanidade, como a ascensão da extrema direita e a centralidade da questão climática. Embora breves, os diálogos de Ingrid e Damian não são deslocados, pois envolvem temas que afetam Martha em um momento mais delicado da sua vida.

Para além das já citadas qualidades da direção e roteiro de Almodóvar e das excelentes atuações de Swinton e Moore, “O Quarto ao Lado” se destaca ainda pela fotografia de Eduard Grau, que acentua o colorido já característico das obras do espanhol, e da trilha sonora de Alberto Iglesias, sinuosa e presente em toda a trama, com tons que oscilam entre o lírico e o grave, à medida que a situação central se desenvolve.

A partir da premiação já obtida em Veneza, o longa é considerado um dos fortes candidatos ao Oscar e ao Globo de Ouro, dentre outros prêmios, nas categorias de melhor filme, direção, roteiro adaptado (o filme é baseado no livro O que Você Está Enfrentando, de Sigrid Nunez) e atriz (restando saber se haverá indicações para Swinton, Moore ou para ambas).

Saiba mais

A partir de quinta-feira (24/10), estreia ainda, no Cinema do Dragão, “Marias”, com direção de Ludmila Curi.

Já no sábado (26/10), às 16 horas, na sala 2 do Cinema do Dragão, via Programa Vizinhanças, o Cinema do Dragão e o Museu da Imagem e Som do Ceará, celebram o Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual, comemorado no dia 27 de outubro, com a exibição de “Homens Trabalhando”, de Hélio Rola, tanto em seu suporte original, 8mm, como também a versão digital em DCP, e “Chico da Silva”, de Pedro Jorge de Castro, filmes restaurados digitalmente pelo Museu da Imagem e do Som (MIS-CE).

O programa integra o Projeto “Cinema do Dragão: Telas plurais, cenas diversas” apoiado pelo Edital para as Artes da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022).

Edição: Salomão de Castro

 

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