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Morte de Frei Tito chega aos 48 anos nesta quarta-feira (10/08)

Por ALECE
10/08/2022 11:54 | Atualizado há 1 ano

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Trajetória do religioso foi narrada em livro e filme Trajetória do religioso foi narrada em livro e filme - Foto: Brasil de Fato/ Reprodução

Há exatos 48 anos, Frei Tito de Alencar nos deixava. Ele faleceu em 10 de agosto de 1974, em Lyon (França). Por não suportar as dores do martírio, foi induzido ao suicídio em decorrência das torturas sofridas nos cárceres da ditadura militar (1964-1985). Preso arbitrariamente em novembro de 1969, em São Paulo, foi acusado de oferecer refúgio a Carlos Marighella. No cárcere foi submetido a palmatória e choques elétricos, no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em companhia de outros religiosos.

Frei Tito de Alencar é também o nome de batismo do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular, órgão permanente da Assembleia Legislativa do Ceará, que tem como objetivo prestar assessoria jurídica popular, judicial e extrajudicial, às comunidades vulnerabilizadas, aos grupos, coletivos, movimentos e indivíduos em casos emblemáticos de violações de direitos humanos.

A vida pública do religioso foi intensa. Seus algozes tentaram forçá-lo a denunciar quem o ajudou a conseguir o sítio de Ibiúna (SP) para o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1968, e assinasse depoimento atestando que frades dominicanos participaram de assalto a bancos. Com temor a não suportar à tortura, o frei chegou a cortar, com uma lâmina de barbear, a artéria interna do cotovelo esquerdo, sendo socorrido. A brutal violência não foi capaz de fazer o frade dominicano a trair os amigos, mas trouxe a ele danos irreversíveis.

Homenagem

Após oito anos de tramitação, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em 25 de agosto de 2021, projeto de lei 243, de abril de 2013, que nomeia de Rua Frei Tito a antiga Rua Doutor Sérgio Fleury, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. A lei entrou em vigor em setembro, após sanção do prefeito Eduardo Nunes. (MDB).

A lei aprovada pela Câmara da capital paulista foi de coautoria do deputado federal e ex-vereador Orlando Silva (PCdoB), dos vereadores Arselino Tatto (PT), Antonio Donato (PT), Alfredinho (PT), Juliana Cardoso (PT) e Professor Toninho Vespoli (Psol), e dos ex-vereadores Reis (PT) e Jamil Murad (PCdoB). A nova denominação substituiu o antigo nome Sérgio Fleury, conhecido torturador no período ditatorial.

O coordenador do EFTA, Miguel Rodrigues, salienta que a reparação histórica é também uma indicação de que a democracia está viva no país. "Frei Tito de Alencar continua sendo um símbolo de em defesa dos direitos humanos, das instituições democráticas e da liberdade. Isso é um recado para que a gente, pois ao invés de simplesmente apagar o nosso passado. Devemos lembrar do que passou e refletir para que não voltemos a uma época tão dolorosa que esteve diante de nós", pontua.

Miguel Rodrigues destaca ainda que é importante ser lembrado o aniversário de Frei Tito, pois o religioso é um símbolo de luta por direitos humanos no Brasil. "Sua figura deve ser cada vez mais lembrada, para que o período de práticas impostas contra ele não se repita. É importante também que a gente exalte a sua figura e que não preste qualquer tipo de homenagem aos seus torturadores", pontua. 

O coordenador ressalta que hoje existem ameaças à democracia, sendo importante, portanto, a imagem te Frei Tito reafirma a democracia. "É relevante lembrar que ele foi um religioso dominicano e esta ordem católica foi perseguida por apoiar ideias contrárias à ditadura", assevera.  

Biografia

O frei dominicano Tito de Alencar Lima, nascido em Fortaleza, em 1945 e falecido em 1974, aos 29 anos de idade, foi um dos precursores da Teologia da Libertação no Brasil, por meio da qual parte da Igreja Católica, impulsionada pelo Concílio Vaticano II, alinhou sua luta com as lutas sociais em prol da vida da população mais pobre. Militante do movimento estudantil, Tito participou de várias manifestações contra a ditadura de 1964 e, mesmo após o exílio, dedicou sua vida a denunciar as crueldades que pairavam pelo Brasil naquela época.

A vida de frei Tito é retratada no filme "Batismo de Sangue" (2007), dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton, vencedor dos prêmios de melhor diretor e melhor fotografia no Festival de Brasília. O filme é baseado no livro homônimo de Frei Betto que foi lançado originalmente no ano de 1983, e vencedor do prêmio Jabuti.

JS

 

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