Microempreendedores aliam inclusão produtiva e negócios sustentáveis
Por Paulo Veras09/05/2024 08:39 | Atualizado há 11 meses
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O Portal do Servidor da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) inicia, nesta quinta-feira (09/05), a série especial "Empreendedorismo e Sustentabilidade: parceria de resultados". Na primeira matéria, saiba como funciona a Sala do Empreendedor do Poder Legislativo e como é possível dispor dos seus serviços. Em pauta, ainda, as trajetórias de dois microempreendedores e seus cases de sucesso: Marcelo Belisário e Anagélia Ferreira. Ambos encararam o desafio de empreender respeitando os princípios da Sustentabilidade, importantes para a vida contemporânea. Boa leitura!
Criada em 2021, a Sala do Empreendedor da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) é a única desta natureza existente dentro de um parlamento estadual no Brasil. Tendo como parceiro principal o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o equipamento presta serviços direcionados aos microempreendedores, que vão desde orientações iniciais para abertura de empresas até assessorias, capacitações e cursos.
A assessora de Relações Institucionais da Sala do Empreendedor da Assembleia Legislativa, Maria de Jesus Dias, lembra que inicialmente o trabalho foi direcionado para os microempreendedores individuais (MEIs) que estavam na informalidade. “Formalizar, depois investir nas capacitações e trazer crédito. Essa foi a ordem de prioridades que seguimos”, aponta a assessora. De acordo com ela, a estratégia é ampliar ainda mais o leque de serviços oferecidos, tendo como focos inclusão social e sustentabilidade.
Maria de Jesus faz questão de frisar a importância das parcerias para o sucesso do projeto. “Temos o Sebrae, que é nosso principal parceiro. Temos também o Governo do Estado do Ceará, por meio do programa Ceará Cred, o Instituto Nacional de Assistência Social (INSS) e a Receita Federal. Enfim, é um trabalho de muitas mãos que coordenamos, com o objetivo de oferecer informações e facilidades ao cidadão ou cidadã que deseja empreender”, afirma.
Parcerias
Lucas Aquino, coordenador da Sala do Empreendedor, destaca as parcerias internas com órgãos e setores da Alece. “Um diferencial importante que temos é que, no espaço físico da Assembleia Legislativa (Anexo III - Edifício Deputado Francisco das Chagas Albuquerque), onde estamos inseridos, existem vários outros serviços prestados à população e que acabam também beneficiando os microempreendedores que nos procuram”, salienta. Ele se refere a equipamentos como a Procuradoria Especial da Mulher (PEM), o Procon Assembleia e o Comitê de Responsabilidade Social (CRS), que atendem a toda população.

Lucas Aquino e Maria de Jesus Dias, da Sala do Empreendedor da Alece - Foto: Bia Medeiros
Para o coordenador, é essencial que as instituições públicas como a Alece possam dar atenção aos microempreendedores. Lucas cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais hoje no País cerca de 15 milhões de pessoas são MEIs. “A política dos microempreendedores individuais se expandiu bastante a partir da instituição de legislação específica para os negócios de pequeno porte. Na maioria das vezes, essas pessoas não têm acesso ao mercado formalizado, com um emprego regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e enxergam no empreendedorismo a única saída para conseguir renda e sustentar a própria vida”, salienta.
Um dos principais motivos do sucesso da Sala é apontado como o bom atendimento dado aos microempreendedores. “A crescente demanda da Sala do Empreendedor é reflexo do excelente treinamento dado aos agentes, com decisivo apoio do Sebrae”, fala Lucas. “Estamos, constantemente, aplicando capacitações para o nosso pessoal. Pessoas vieram abrir seu negócio. Por terem sido bem atendidas voltaram para cursos, capacitações e feiras. Isso nos anima para que continuemos melhorando nossos serviços a cada dia”, acentua Maria de Jesus.
Olhar sustentável
A preocupação de toda a sociedade com a questão ambiental é uma pauta irreversível. Neste contexto, a Sala do Empreendedor da Alece busca criar condições para que o microempreendedor possa empreender de forma sustentável, inovadora e inclusiva.
Lucas Aquino reforça que tanto Alece quanto Sebrae têm hoje a sustentabilidade como pauta. “Aqui na Casa, por meio das ações da Célula de Sustentabilidade e Gestão Ambiental do Comitê de Responsabilidade Social, nossa parceira, e o Sebrae, temos iniciativas voltadas ao tema da sustentabilidade, como feiras e capacitações”, detalha.
“Temos a responsabilidade de ter um olhar de como este microempreendedor irá interagir com a sociedade, com o mercado e com o meio ambiente e quais os impactos que essa interação causará”, reflete a assessora Maria de Jesus. Na sua compreensão, desta maneira, o negócio será aberto, acompanhado e o projeto se tornará vencedor.
A sala do Empreendedor procura mostrar que os microempreendedores podem inovar e crescer sem esquecer a preocupação ambiental, aproveitando todo o conteúdo recebido em cursos, palestras e rodas de conversa sobre Sustentabilidade que são ofertadas pelo Sebrae.
Maria de Jesus pontua que existe entre microempreendedores interesse pelo tema da sustentabilidade e a conscientização da importância do papel de cada um nesta cadeia positiva, considerada necessária para que o planeta Terra seja cuidado. “Baseado nisso, nossa próxima Semana do MEI, que ocorrerá de 20 a 24 de maio, terá como tema principal a Sustentabilidade", adianta.
Upcycling
Em meio a inúmeros casos de empreendedores que já contaram com os serviços da Sala do Empreendedor da Alece (apenas no primeiro semestre de 2024 já foram mais de 1.000 atendimentos, conforme dados da Sala), as histórias de Belisário e de Anagélia se destacam.
Marcelo Belisário é estilista e professor de moda, pós-graduado em Moda e Educação Profissional e cria peças de roupas autorais usando materiais recicláveis - o Upcycling. “Meu trabalho surgiu na década de 1990. Naquela época, já sentia a necessidade de poder transformar materiais que não danificassem o meio ambiente”, pontua. O Upcycling é o ato de transformar um material que seria descartado em um novo produto que possua valor agregado superior ao material que lhe deu origem.

Marcelo Belisário, estilista, atua no mercado desde 1990 - Foto: José Leomar
A indústria da moda está entre os maiores poluentes do mundo. Por isso, no entender do microempreendedor, há a preocupação "em mudar isso o mais rápido possível", alega o estilista. “Quando fazemos uma moda em escala ou uma moda autoral, ela precisa ser feita com qualidade, criatividade e sustentabilidade”, explica o estilista. A proposta de Belisário é fazer com que a ressignificação proporcione um peça única, bela e sustentável.
Belisário enaltece os papéis da Alece e do Sebrae para o desenvolvimento dos microempreendedores no Ceará. “Acredito que os trabalhos da Alece, por meio da Sala do Empreendedor, assim como o do Sebrae, são muito importantes para o processo. Temos acesso a toda uma orientação para abrir ou regularizar nossas empresas. Além de todos os cursos de capacitação, temos disponíveis oficinas e feiras. Temos oportunidade a aprender passos importantes, desde um plano de ação até como expor seu produto em uma loja virtual ou física”, exemplifica.
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Roupas autorais são realizadas a partir de materiais recicláveis - Foto: José Leomar
Para o estilista, é possível viver de moda autoral sustentável. “Com certeza, não é fácil, porque trabalhar com resíduos têxteis requer muito estudo. Tudo é feito com técnicas de alta costura, materiais nobres e de acabamentos únicos. O produto final tem que ter qualidade, caimento, conforto, pois não é porque ele é feito de resíduos ou reciclado que é um produto qualquer”, defende.
Belisário insiste que as pessoas saibam que o material descartado, ou mesmo o reciclado, não se trata de matéria-prima de baixa qualidade. “Lembro que certa vez fui chamado em uma fábrica e o dono solicitou que eu fizesse a coleção. Daí me informou que não iria comprar nada, que eu teria que usar o que tinha no estoque. Desenvolvemos a coleção com tecidos que já nem existiam no mercado, fazendo a ressignificação. Foi um sucesso, vendeu tudo”, recorda.
Opção por empreender
Anagélia Ferreira largou um emprego formal em 2019, segundo ela para ler, estudar. “Fiz cursos do Sebrae que me deram vários insights. Tudo isso me fez tomar a decisão: vou trabalhar com sustentabilidade”, conta. As oportunidades vieram. A ideia era trabalhar com seu propósito de fazer o que ama, em favor da comunidade em que mora, o grande Mondubim, em Fortaleza.
Ela percebeu que as pessoas da área consumiam, produziam de forma irregular e não se preocupavam com sustentabilidade. “Com as capacitações e oficinas me senti fortalecida e decidi compartilhar este conhecimento, transformando tudo em um trabalho que agregasse propósito e fortalecesse meu território”, assegura.
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Ateliê colaborativo Feito por Mulher - Foto: José Leomar
Anagélia conta que sempre via muito material têxtil descartado na comunidade. “Começamos a reproduzir as oficinas e treinamentos dados pelo Sebrae, sendo multiplicadores de conteúdo. O que aprendemos passamos para outras mulheres”, relembra. A sororidade, então, se incorporou ao empreendedorismo. Pouco tempo depois, foi criado o Ateliê colaborativo Feito por Mulher. O grupo passou a recolher retalhos e trabalhar com eles, criando e comercializando peças sustentáveis. O tecido, o banner, o papelão, o papel, o jeans, tudo que é jogado fora pelas indústrias é aproveitado.
O passo mais importante foi conseguir com isso produzir inclusão, conforme o relato de Anagélia. “Mudamos mentalidades, fazendo com que pessoas fossem autoras de suas vidas. Nesse aspecto, o conhecimento que é passado pelo Sebrae é excepcional e precisa ser difundido. Eu falava pra elas: ´Gente fui lá, aprendi com o Sebrae, é possível, vamos lá´. Hoje o ateliê possui dez mulheres produzindo dentro desta ideia”, comemora.

Trabalhos beneficiam população do Mondubim, em Fortaleza - Foto: José Leomar
A preocupação com o meio ambiente é constante. “Criamos uma forma de pensamento que une a produção de peças que serão vendidas para o sustento digno das pessoas, sem deixar de lado ações individuais que refletem no meio ambiente, como o descarte e separação correta do lixo ou o uso de sacolas recicláveis”, detalha. Anagélia enfatiza ainda que disseminar a cultura de inovação, inclusão e sustentabilidade é uma responsabilidade de todos.
O resultado do trabalho do ateliê Feito por Mulher está presente na comunidade do Mondubim. “Nossas empreendedoras que são MEI conseguem pagar suas contas, ter lazer, enfim, se tornaram cidadãs. Isso nos causa orgulho. Nosso objetivo só seria possível com todo o conhecimento que adquirimos com apoio da Alece e do Sebrae”, assegura Anagélia Ferreira.
Cozinha solidária
Além do trabalho com o material sustentável, que gera produção de riqueza para a comunidade do bairro, o Ateliê Feito por Mulher desenvolve uma ação social de distribuição de refeições gratuitas, por meio do projeto Ceará Sem Fome, do Governo do Estado. “Recentemente, recebemos um kit doado pela Assembleia Legislativa, com freezer e utensílios, que melhoraram em muito nossa capacidade”, conta Anagélia.

Ateliê Feito por Mulher desenvolve uma ação social, por meio do projeto Ceará Sem Fome - Foto: José Leomar
Com esta ação, 100 pessoas recebem as refeições de forma gratuita. Duas empreendedoras da comunidade trabalham na cozinha e recebem uma ajuda de custo do projeto Ceará sem Fome. As unidades sociais produtoras de refeições (cozinhas solidárias) fazem parte do programa Ceará Sem Fome, fomentado pelo Governo do Estado. A Alece é parceira do governo estadual no programa, com a doação freezers, liquidificadores, fogões industriais, refrigeradores, frigideiras e panelas, dentre outros utensílios que aumentam a capacidade das cozinhas solidárias.
Serviço: Os interessados em se tornar MEIs, ou que desejem informações para empresas já abertas, deverão procurar a Sala do Empreendedor da Alece, localizada na avenida Pontes Vieira, n° 2300, Anexo III (Edifício Deputado Francisco das Chagas Albuquerque), sala 303, 3º andar – Dionísio Torres, CEP 60.135-237, munido dos seguintes documentos: RG, CPF, comprovante de residência, título de eleitor, número do recibo do último imposto de renda (caso seja declarante). Funcionamento: Segunda a sexta, das 8 horas às 17 horas. Contatos - Telefone: (85) 3277-2565 / (85) 99717-0134 (WhatsApp) ; E-mail: empreendedor.alece@gmail.com .
Conteúdo digital: Leonardo Coutinho
Edição: Salomão de Castro
Núcleo de Comunicação Interna da Alece
Email: comunicacaointerna@al.ce.gov.br
Telefone: 85.3257.3032
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Autor: Núcleo de Comunicação Interna, com Agência de Notícias da Alece