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Maria Freitas de Andrade e Tiaguinho: legado para além da memória

Por Narla Lopes e Salomão de Castro
31/05/2023 10:01 | Atualizado há 2 meses

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Tiaguinho recorda episódios variados vividos com a mãe Maria Freitas de Andrade Tiaguinho recorda episódios variados vividos com a mãe Maria Freitas de Andrade - Foto: Paulo Rocha

Na última matéria da série em homenagem às mães, o Portal do Servidor apresenta nesta quarta-feira (31/05) a história de Francisco das Chagas Andrade Vieira, conhecido carinhosamente como Tiaguinho da Assembleia pelos servidores da Casa. Tiaguinho é natural de Itapajé, no Ceará, e filho de Maria Freitas de Andrade, uma mulher amorosa e esforçada que desempenhou um papel fundamental em sua vida.

"Depois que eu envelhecer
Ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano
Nessas horas de partida"

"Coisas da Vida" - Rita Lee

Quem circula pelo Anexo II da Assembleia Legislativa do Ceará (Edifício Deputado José Euclides Ferreira Gomes) certamente já parou pra bater um bom papo com Tiaguinho. Sempre atencioso e bem humorado, atende a todos que o procuram com entusiasmo, em meio aos afazeres que desempenha na manutenção e asseio do prédio, como colaborador da Certa, empresa terceirizada que faz a prestação de serviços gerais da Alece. Hoje, no entanto, o colaborador dedicado cede espaço ao filho saudoso. Tiaguinho (como é conhecido Francisco das Chagas Andrade Vieira) fala da trajetória de sua mãe e do legado que o acompanha a partir dos ensinamentos que recebeu de Maria Freitas de Andrade.

Numa trajetória comum a muitos cearenses, Tiaguinho se mudou do interior para Fortaleza aos 17 anos, em busca de oportunidades. Guarda lembranças afetuosas da infância ao lado de sua mãe, cuja partida aconteceu há cinco anos, em 2018. Os momentos preciosos também foram compartilhados com seu pai, Manoel Orleans Vieira, hoje com 74 anos, e oito irmãos. "Sinto muita falta dela, mas me conforta saber que, apesar da sua partida precoce, aos 54 anos, ela se despediu sabendo que cumpriu sua missão aqui na Terra, incluindo a criação dos nove filhos, que se tornaram cidadãos honestos e trabalhadores", conta.

Segundo Tiaguinho, sua mãe se casou muito cedo e teve poucas oportunidades de estudar, mas isso não a impediu de valorizar a educação para seus filhos. Por isso fez questão de assegurar que todos frequentassem a escola no município de Itapajé, apesar da caminhada difícil até lá. De acordo com ele, na ida, no final da tarde, o rio estava seco e dava para encurtar caminho por dentro do riacho, atravessando com a água no joelho. Porém, na volta, o local já estava cheio, e, portanto, era necessário fazer um trajeto bem mais longo, que levava o dobro do tempo para chegar em casa - ou seja, uma hora e vinte minutos de caminhada.

"Podíamos não ter muitos bens materiais, mas a educação sempre foi uma prioridade para ela. Ela costumava dizer que essa era a herança mais valiosa que poderia nos deixar. Minha mãe nunca teve um diploma universitário, muito menos um doutorado, mas o conhecimento que ela transmitia para todos nós era como se tivesse", lembra orgulhoso, reforçando que dona Maria Freitas era uma mulher muito sábia e amorosa.   

Além disso, ela sempre enfatizava a importância de seus filhos seguirem o caminho do bem e tratarem a todos com respeito. Suas palavras ecoam até hoje na mente de Tiaguinho: "Trate as mulheres como senhoras e os homens como senhores, pois os mais velhos merecem todo o nosso respeito". 

O trabalho como valor

O colaborador da Alece também relata que sua mãe sempre se empenhava em ajudar no sustento da casa, por se tratar de uma família numerosa. O filho recorda uma mãe que fazia tudo o que estava ao seu alcance para garantir que não faltasse nada em casa. O servidor menciona que a mãe trabalhava como diarista, lavava roupa e bordava toalhas de mesa. E acrescenta que até aprendeu a técnica para ajudar sua Maria Freitas de Andrade a aumentar a produção. “Muitos de nós tivemos que aprender o bordado porque durante um determinado período este foi o nosso único meio de sobrevivência”, destaca. 

Tiaguinho acrescenta que, naquela época, os filhos mais velhos precisavam aprender as tarefas domésticas para ajudar a cuidar dos mais novos. O tempo livre era valorizado e preenchido com atividades na roça, artesanato ou com os estudos. Da infância, ficaram lacunas: menciona que não teve tempo para brincadeiras, mas reconhece que tudo isso foi um aprendizado valioso e que embora sua mãe não esteja mais presente, valoriza os ensinamentos recebidos e faz questão de repassá-los aos seus cinco filhos. “Não só os ensinamentos da mamãe, mas do papai também. Até hoje ele trabalha todos os dias na roça, mesmo aposentado. Não tem necessidade, mas foi criado assim. Se tirarmos isso dele, adoece”, frisa.

Mar de emoções

“Qual é a moral? qual vai ser o final dessa história?
Eu não tenho nada pra dizer, por isso digo
Eu não tenho muito o que perder, por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho”

“Coisas da Vida” – Rita Lee

 

Tiaguinho compartilha uma das últimas memórias que guarda com carinho, inclusive nas imagens armazenadas em seu celular. Foi o dia em que levou sua mãe para ver o mar pela primeira vez. Ela nunca tinha visitado Fortaleza nem conhecido a praia. Em certa ocasião, ele e sua esposa tiveram a ideia de proporcionar esse momento especial a Maria de Freitas Andrade.

O casal, então, organizou um passeio de barco na Barra do Ceará, onde puderam atravessar de uma margem a outra. Foi um local escolhido estrategicamente para permitir essa travessia. Sua mãe nem imaginava o que a esperava, e a surpresa foi muito emocionante. Passaram o dia juntos na praia, e ela ficou encantada com o tamanho e toda a beleza do mar. Em tom de brincadeira, eles até falaram: "Mãe, esse açude aqui não tem parede", e todos riram. “Essa experiência ficará para sempre guardada em minhas memórias”, afirma.

A história de amor e sacrifício de sua mãe é um exemplo tocante de dedicação e perseverança. Ela superou adversidades e desafiou as circunstâncias para criar um ambiente propício ao crescimento e desenvolvimento dos filhos. Seu legado continua vivo, inspirando Tiaguinho a valorizar a educação e a lutar pelos sonhos.

“Neste mês das mães, gostaria de homenagear todas as mães presentes aqui na Casa, no Ceará e em todo o mundo. Cada uma delas merece todo nosso reconhecimento e carinho”, afirma Tiaguinho. Desta vez, é o momento de seguir em frente. O filho cede lugar ao pai responsável por deixar, agora, um legado para Mirela Mesquita, Isadora, Ingrid, Marcos Raí e Kauan.

Saiba mais

A série de matérias sobre mães de filhos que atuam na Assembleia Legislativa do Ceará contou com quatro textos, ao longo deste mês. A produção foi de Salomão de Castro e Virgínia Bastos, com textos de Narla Lopes e Salomão de Castro, e edição de Salomão de Castro.

Confira as demais matérias da série nos links https://bit.ly/3MjWgrs, https://bit.ly/3BMnSzj e https://rb.gy/hg4y8.

Edição: Salomão de Castro

 

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