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Líderes do setor produtivo apontam perspectivas para o comércio varejista no pós-pandemia

Por ALECE
04/03/2021 12:16 | Atualizado há 1 ano

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Lideranças empresariais fazem um balanço sobre as situações vividas pelo setor varejista desde 2020 Lideranças empresariais fazem um balanço sobre as situações vividas pelo setor varejista desde 2020 - Foto: José Leomar

Os números são duros: o Brasil já superou a marca de 259 mil mortes pela pandemia de Covid-19, o que representa 10,1% dos casos fatais em todo o mundo, que chegam a 2,55 milhões de vítimas. São estatísticas que assustam notadamente porque há mais de 100 anos a população não enfrentava uma crise sanitária dessa monta. No entanto, um outro debate acontece, com a discussão dos impactos da situação sobre o setor econômico, especialmente sobre o comércio varejista, há mais de um ano.

Em Fortaleza, no ano passado, o comércio considerado não essencial e outros segmentos econômicos ficaram suspensos por 78 dias, gerando forte ansiedade entre as pessoas e colocando em dúvida até mesmo a capacidade de se gerar recursos suficientes para a sobrevivência. Passado um ano desde o início da crise, líderes do setor terciário da Capital cearense, em entrevistas concedidas à FM Assembleia, colocam um lupa em cima do problema e trazem perspectivas de um futuro menos trágico do que as previsões iniciais, feitas no início da pandemia.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, lembra que no primeiro momento em que o Governo do Estado adotou medidas de isolamento social, as decisões representaram muita apreensão entre os empresários e comerciantes. Ele lembra que o comércio tem  responsabilidades com os seus colaboradores e  compromissos com fornecedores. “Esse primeiro momento foi muito difícil. Mas aos poucos fomos entendendo a necessidade do bem comum e fomos nos recuperando”, recorda.

As medidas adotadas, no entanto, surtiram resultados positivos, e aos poucos os setores comerciais conseguiram retomar as suas atividades. “O fato é que no dia 1º de junho (de 2020), quando começou a abrir o mercado, nós já estávamos relativamente preparados para o enfrentamento. Mas tivemos pessoas que venderam o patrimônio, demitiram empregados sem precisão, porque havia o instituto da suspensão contratual”, pontua.

Impactos econômicos

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, considera que apesar das dificuldades enfrentadas, a crise no setor econômico foi menos grave que em outros estados da Federação. “O que aconteceu é que aqui no Ceará foi uma exceção. A gente não teve um desemprego tão grande como no restante do Brasil. O desemprego está prejudicando muito hoje as questões sociais, que respingam aqui no Ceará. A gente vê uma criminalidade muito grande”, relata.

Ele frisa ainda que mesmo se posicionando contrário às primeiras medidas sanitárias adotadas, hoje percebe que foi o mais acertado a ser feito, no início da pandemia. “Naquele momento eu não achei bom, fui um dos que mais reclamou das autoridades que propuseram o fechamento, mas hoje eu entendo que era a única coisa a se fazer. Ninguém sabia como era a pandemia. Estavam fechando a Itália, a França e a Espanha. Então, era difícil o Brasil também não fechar”, exemplifica.

Cid Alves faz referência aos impactos da pandemia sobretudo em relação ao comércio de Fortaleza. “No Centro de Fortaleza funcionam 7.350 empresas, entre serviços comércio e indústria, gerando 64 mil empregos diretos. Antes da pandemia, circulavam pelas ruas do centro, 350 mil pessoas em média por dia. Após a abertura do comércio, em junho de 2020, esse número caiu para 150 mil pessoas. Foi um momento de repensar o funcionamento do comércio em tempos de pandemia”, aponta.

Assis Cavalcante explica que os lojistas rapidamente aderiram ao quadro de exigências sanitárias. Segundo ele, ficou muito claro que as equipes de frente de lojas teriam que usar máscaras, álcool em gel, e outras medidas sanitárias. “O consumidor quando entra em uma loja e percebe que o lojista não está tendo o devido cuidado, ele se furta a fazer o atendimento naquela loja e vai para uma outra, onde perceba que aquele lojista está preocupado com a saúde dos clientes e dos colaboradores”, compara.

O dirigente lembra que ainda não é tempo reduzir os cuidados, com a chegada da segunda onda de Covid-19. “Faço até um apelo agora. Nós não podemos baixar a guarda. Neste momento que não está muito fácil, nós devemos manter todo esse cuidado e até com mais cuidado ainda, até chegar a vacina", assevera.

Perspectivas para o mercado

O dirigente da rede de lojas Mercadinhos São Luiz, Severino Neto, prevê que muitas mudanças nas relações de consumo provocadas pela pandemia vieram para ficar. “Não seremos mais os mesmos dentro da perspectiva do pós-Coronavírus. A gente vai ter uma preocupação sanitária muito maior que tivemos no passado. A gente já mudou, na verdade. O uso da máscara, lavar a mão e o álcool em gel entraram na nossa vida de verdade. Vai haver uma diferença grande. A partir daí e das exigências dos clientes, a gente vai fazer as adaptações que serão permanentes”, explica.

Assis Cavalcante adverte que muitos componentes tecnológicos já estão incorporados às relações de consumo. Entre estes exemplos, estão câmeras que identificam locais quentes, locais frios, locais onde os consumidores gostam mais de ficar, lojas que usam sistemas de reconhecimento de face, e veem o que o cliente já comprou, quanto pagou, quantas vezes e qual cartão usa. “A tecnologia não tem caminho de volta. Ela está aí para ficar”, entende.

Cid Alves, por seu turno, revela que há alguns anos tem ido à maior feira de varejo do mundo, em Nova Iorque (Estados Unidos), realizada em janeiro. “E há muitos anos que eu vejo lá uma tendência o comércio via Market place e o comércio online. No Brasil não é diferente. A gente só não tem o mesmo nível de costume de trabalhar com a Internet, até porque faz pouco tempo que se dispõe o 4G no Brasil”, compara.

O presidente do Sindilojas assevera que as cidades do interior, principalmente, com menor poder aquisitivo, não possuem a Internet com a velocidade necessária para operar a maioria dos aplicativos que seriam usados. Daí a dificuldade de se aprender, nas pequenas cidades distantes dos centros mais evoluídos, que as compras sejam realizadas por smartphones.

Futuro do emprego x avanço da tecnologia

O presidente da CDL assegura que o comércio não irá abrir mão dos colaboradores, pelo menos em um horizonte visível. Ele observa que as lojas varejistas continuaram a empregar pessoas no estoque, entregadores, bem como um profissional para analisar produtos, verificando características, benefícios e vantagens, pessoas para levar o produto do depósito para a loja. “O emprego apenas muda de onde você estava. O ser humano continua sendo o centro de todas as inovações. É tudo para atender melhor o consumidor. Tudo isso gera emprego, gera renda”, defende.

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas, Freitas Cordeiro, revela que a FCDL do Ceará, antevendo o quadro de transformações do comércio, criou uma plataforma de e-commerce, para vendas online. “É uma ferramenta segura, robusta e tudo de melhor que podemos ter para esse momento. Nós temos três vitrines na plataforma. Como se trata de uma federação, que não tem fins lucrativos, temos uma vitrine, que chamamos a número um, que é totalmente gratuita, não se paga nada e nem precisa estar filiada a nenhuma CDL”, explica.

As CDLs no interior, segundo Freitas Cordeiro estão aderindo à plataforma. Na sua avaliação, isso é importante porque elas vão dar apoio aos empresários, treinamento aos colaboradores e isso faz uma grande diferença.

“O último passo é o e-commerce, que todo mundo sonha. No e-commerce você entra, escolhe o produto, bota no carrinho, paga e recebe. Eu tenho dito que essa é o Ifood do comércio. É ali que os negócios podem fluir com rapidez, com segurança, que é tudo que o cliente quer. Ainda tem o respaldo de uma Federação que todos conhece, tem o respaldo de uma empresa daqui que garante os pagamentos, intermedeia os pagamentos. O consumidor também tem essa garantia. Por trás ainda temos uma mastercard. É tudo de bom. Foi trabalhoso construirmos. Estamos tendo uma boa adesão, após o lançamento”, conclui Freitas Cordeiro.

Júlio Sonsol

 

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