“Druk - Mais uma Rodada” é filme necessário sobre o alcoolismo
Por ALECE16/04/2021 14:57
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“Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que que a gente é assim?”
Os versos da canção “Por que a gente é assim”, de Cazuza, se encaixam bem à premissa do diretor e roteirista Thomas Vintemberg e do co-roteirista Tobias Lindholm do filme dinamarques Druk - Mais uma Rodada, que conta a história de quatro professores em um contexto bem peculiar. Eles estão às voltas com problemas em suas vidas, testando a teoria de que ao manter um nível constante de álcool (0,05%) nas correntes sanguíneas, suas existências irão melhorar. De início, os resultados são animadores. Porém, no decorrer da experiência, eles percebem que nem tudo é tão simples assim.
Indicado ao Oscar de melhor filme internacional e melhor diretor, Druk aponta que o definidor da quantidade ideal de álcool ideal reside na reação do outro. Uma leitura é a de que pode-se beber um pouco para se livrar de um nervosismo, mas talvez seja necessário mais do que isso para dançar em uma festa lotada sem vergonha alguma. Não ter vergonha alguma, por outro lado, pode não ser o ideal no contexto de uma reunião pedagógica, por exemplo. Como a trama trata de professores e alunos, tem-se aqui a interação entre as gerações tendo o uso do álcool como elemento comum. As consequências são variadas para os dois grupos.
Sobre a trama
O filme conta com o convicente trabalho do ator Mads Mikkelsen, que já interpretou o jovem Hannibal Lecter, em Hannibal . Em Druk, ele é Mark, o líder do grupo de professores que falseiam um propósito científico com o objetivo de lhes permitir ingerir diariamente boas doses de bebidas alcoólica, com o pretexto de que o consumo sob controle irá melhorar o despenho de todos em suas atividades laborais.
Trata-se de um filme necessário. Logo no início, há uma competição entre jovens de uma escola que bebem alucinadamente antes de um corrida, transmitindo ao público elevadas doses de euforia da juventude, com a proposta de que se possa desfrutar de cada instante da ainda curta existência. Essa euforia, no entanto, faz contraponto com os professores, que, com o amadurecimento, chegam à melancolia da meia-idade.
Em Druk, a bebida alcoólica funciona como pequenas doses de existencialismo sartreano ou de Camus. Partindo da premissa de que nada somos, nos tornamos, somos construção, a exemplo do que falam pensadores como John Searle e Ludwig Wittgenstein, o filme faz todo o sentido. Há também o entendimento prévio de que o mundo é a totalidade dos fatos e não das coisas. Assim, esta construção não se trata de formação de individualidades, mas como somos em relação aos outros.
Druk foi também indicado ao Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira, mas foi derrotado por Minari, que foi rodado nos Estados Unidos, embora seja falado em coreano. No último domingo (11/04), foi premiado na mesma categoria pelo Bafta, a Academia Britânica. também tendo sido selecionado pelo Festival de Cannes de 2020. Thomas Vinterberg tem em seu currículo filmes como Longe deste insensato mundo, Kursk, A Comunidade e A Caça, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro (atual categoria de melhor filme internacional) em 2012. O filme está disponível nas plataformas YouTube e Google Play.
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