Comércio varejista: lideranças empresariais e políticas avaliam enrijecimento do controle da Covid-19
Por ALECE05/03/2021 12:35 | Atualizado há 1 ano
Compartilhe esta notícia:
A pouca atenção que parte da população teve com as medidas de contenção da pandemia de Covid-19, como isolamento social, uso de máscaras e higienização das mãos levou Fortaleza ao pior cenário, com o crescente número de casos da doença e o quase estrangulamento das unidades de saúde que prestam atendimento à população. Diante desta realidade, o governador Camilo Santana (PT), em conjunto com o prefeito José Sarto (PDT), não tiveram outra alternativa a não ser determinar o isolamento social rígido em Fortaleza, que começa nesta sexta-feira (05/03) e prossegue até o dia 18 de março, quando só atividades consideradas essenciais devem ser mantidas, para facilitar o isolamento social.
Para adotar a medida, anunciada na noite de quarta-feira (03/03), por meio das redes sociais, o governador manteve contato com representantes das classes produtivas, autoridades sanitárias e integrantes das áreas de saúde das universidades do Ceará.
O governador declarou que a situação é muito grave e lembrou que na última quarta-feira, o Brasil bateu recorde de mortes, alcançando a marca de 1.910 óbitos em 24 horas. "A nova variante da Covid-19 é mais forte, mais contagiosa, mais agressiva e se propaga mais rapidamente, advertiu Camilo Santana, ao justificar as medidas adotadas.
O varejo e a nova realidade
Vale destacar que o novo isolamento em Fortaleza pode levar a uma realidade ainda mais desafiadora para a economia e o comércio varejista. Grande parte dos empresários, após um ano de medidas restritivas decorrentes da pandemia, encontra-se com menos reservas financeiras para enfrentar as novas restrições. Diante do agravamento da crise sanitária, com a superlotação de unidades de saúde, o setor já previa a adoção das medidas que foram anunciadas.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste (edição de 4 de março), disse lamentar a elevação os índices de contaminação e o consequente lockdown. "É triste. É tudo que a gente não queria. O Governo não pode ser omisso, os números estão aí, mas é preciso medidas que deem sobrevida também às empresas", afirmou.
Ele revelou que as atividades comerciais já vêm enfrentando a crise causada pela Covid-19 e a consequente queda do volume de negócios desde março do ano passado. "Dificilmente restaram reservas financeiras para garantir o pagamento das despesas fixas, entre elas, o salário dos funcionários", advertiu.
Freitas Cordeiro se manifestou favorável às medidas que buscam a preservação de vidas humanas, alertando, porém, a vida econômica também necessita de cuidados. "A exemplo do que fiz na época do primeiro lockdown, não sou contra a preservação da vida, mas precisamos nos preocupar com as empresas. Precisamos de maneiras, condições, de sustentação dos negócios", lembrou o empresário.
Entre as ações que devem ser adotadas para preservar as atividades comerciais e os postos de trabalho, empresário apontou medidas similares às que aconteceram no ano passado. Na época, segundo ele, os lojistas puderam se beneficiar de redução de jornada e de salário e a suspensão dos contratos de trabalho, além de linhas de crédito especiais, recursos que deram uma sobrevida ao setor. "Eu sempre disse que comemoro, mas que não tem nada resolvido. Eram resultados construídos em cima de medidas emergenciais", disse.
Outros pontos levantados por Freitas Cordeiro é que as lojas não seriam pontos de contágios e que a totalidade do setor adota medidas sanitárias, como a utilização de máscara, uso e disponibilização de álcool em gel, controle do número de clientes no interior dos recintos, medição de temperatura e a preservação do distanciamento social. "As contaminações ocorrem nas aglomerações que são observadas em espaços públicos, como praças e praias, e em locais privados, a exemplo de condomínios e festas clandestinas em casa", apontou. Cordeiro, como presidente de entidade representativa do comércio cearense, assegurou que irá tentar acalmar os ânimos mais exaltados com a decisão e a informar a população da necessidade de continuar com os cuidados sanitários.
O presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, em entrevista ao jornal O Povo, na edição de 4 de março, admitiu que os empresários estão pagando por aqueles que não fizeram o papel corretamente, referindo-se ao cumprimento dos protocolos de segurança sanitária. “Enfatizarmos os prejuízos que poderão vir, mas a decisão cabe ao governo. Se coubesse a nós, empresários, definiríamos a abertura mais extensa para evitar aglomeração e dar mais proteção aos comerciantes e clientes”, afirmou na ocasião.
Os efeitos do isolamento social rígido, de acordo com o dirigente classista,ainda não foram medidos porque os empresários não esperavam a adoção de um novo isolamento social. Mas impactos sobre o faturamento e, consequentemente, sobre a arrecadação e os empregos devem existir, segundo avaliou. Filizola ainda citou a necessidade de apoio a empresários, como o que ocorreu no setor de eventos, e lamentou o período do novo isolamento para aqueles que ainda se recuperam da crise.
Repercusssão no Poder Legislativo
Na Assembleia Legislativa do Ceará, a nova medida repercutiu entre os deputados estaduais. O Poder Legislativo segue em busca de soluções para as demandas do setor varejista e demais segmentos econômicos em meio à pandemia, a exemplo do que tem sido feito desde 2020. Em pronunciamento nesta quinta-feira, o deputado Romeu Aldigueri (PDT) destacou seu apoio à decisão do governador Camilo Santana de decretar isolamento social rígido em Fortaleza. Ele enfatizou a gravidade dos desdobramentos da pandemia para a saúde da população.
Para o pedetista, o que traz “um pouco de ânimo” em meio à atual conjuntura é a consciência coletiva do povo cearense que compreende os desafios diários pelos quais passa o governador e, inclusive, o apoia. O deputado também destacou a informação, divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, de que o Brasil é, atualmente, o segundo país do mundo com mais barreiras de entrada no exterior por conta do Coronavírus.
Também em pronunciamento na quinta-feira, o deputado Nizo Costa (PSB) alertou para a importância de obedecer ao decreto de isolamento social rígido anunciado pelo Governo do Estado. Ele cobrou a inclusão dos transportes coletivos alternativos como atividade essencial durante o período de isolamento.
“Com certeza precisaremos mais uma vez desse reforço, e quero dizer que o transporte alternativo credenciado segue todas as orientações sanitárias e realiza o serviço de forma segura. Sem esse transporte, as pessoas irão recorrer aos clandestinos, o que pode representar risco de vida”, afirmou. Para Nizo Costa, tudo isso acontece devido ao esforço que o governador Camilo Santana tem feito no sentido de conter a pandemia no Estado, com o apoio dos parlamentares.
A deputada Érika Amorim (PSD) também se manifestou favorável às novas medidas adotadas pelo Governo do Estado, ao fazer pronunciamento. Ela pediu, ainda, empatia para ajudar as pessoas mais impactadas com o isolamento social.
“Temos ciência das dificuldades, das perdas de empregos e de renda, ocasionados pelo isolamento social mais rígido, mas, infelizmente, não temos muitas alternativas neste momento. Essa é a maior crise da nossa geração”, enfatizou a parlamentar.
Érika Amorim sugeriu o apoio das pessoas aos pequenos negócios dos bairros que são mais frágeis financeiramente, para enfrentar este momento. “Se você conhece aquele mercadinho pequeno, perto da sua casa, aquela pessoa que tem uma lanchonete, compre com eles. Compre dos pequenos. Isso pode ajudar essas pessoas a manter uma renda nesse momento de dificuldade. Vamos nos ajudar”, pontuou.
A deputada elogiou também o Governo do Estado pelo programa Cartão Mais Infância Ceará, que paga cerca de R$ 100 para famílias cearenses, destacando a entrega de cestas básicas de alimentos para os alunos da rede municipal de ensino, feita pela prefeitura de Fortaleza.
O deputado Carlos Felipe (PCdoB), em aparte, questionou como após um ano de pandemia, com casos e mortes em alta, alguém possa defender o não uso da máscara, como fez o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em recente visita ao Ceará, na semana passada. “O Brasil tem uma precisão triste de atingir cerca de 500 mil mortos. A Guerra do Vietnã foram 50 mil. Isso é inaceitável. O Governo falhou, não comprou as vacinas, quando deveria. Boa parte da população já deveria estar vacina, caso tivesse firmado contrato com a Pfizer”, disse o parlamentar, que é médico.
O novo momento é desafiador para toda a sociedade. O importante é que se busque superar essa nova etapa para que, unidos, representantes da iniciativa privada e dos poderes constituídos encontrem soluções para o comércio varejista e a economia cearense de uma forma geral, diante das necessidades identificadas. É uma tarefa complexa, que exige dedicação dos atores envolvidos no debate.
O que muda
Com a publicação do decreto 33.965, de 4 de março, no Diário Oficial do Estado são adotadas restrições de atividades econômicas e comportamentais. Conforme o documento oficial, fica suspenso, no município de Fortaleza, de 5 a 18 de março, o funcionamento de:
I – bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres, permitido exclusivamente o funcionamento por serviço de entrega, inclusive por aplicativo;
II – templos, igrejas e demais instituições religiosas (permitido celebrações virtuais);
III – museus, cinemas e outros equipamentos culturais, público e privado;
IV – academias, clubes, centros de ginástica e estabelecimentos similares;
V – lojas ou estabelecimentos do comércio ou que prestem serviços de natureza privada;
VI – shoppings, galeria/centro comercial e estabelecimentos congêneres, salvo quanto a supermercados, farmácias e locais que prestem serviços de saúde no interior dos referidos estabelecimentos;
VII – estabelecimentos de ensino para atividades presenciais, salvo em relação a atividades cujo ensino remoto seja inviável, quais sejam: treinamento para profissionais da saúde, aulas práticas e laboratoriais para concludentes do ensino superior, inclusive de internato, e atividades de berçário e da educação infantil para crianças de zero a 3 (três) anos;
VIII – feiras e exposições.
Também são vedadas/interrompidos durante o isolamento social rígido:
I – o funcionamento de barracas de praia, lagoa, rio e piscina pública ou quaisquer outros locais de uso coletivo e que permitam a aglomeração de pessoas;
II – a realização de festas ou eventos de qualquer natureza, em ambiente aberto ou fechado, público ou privado;
III – a prática de atividades físicas individuais ou coletivas em espaços público ou privados abertos ao público, salvo quanto aos jogos profissionais de campeonatos de futebol de âmbito regional e nacional, desde que fechados ao público e atendidos os protocolos sanitários previamente estabelecidos.
Julio Sonsol
Núcleo de Comunicação Interna da AL
Email: comunicacaointerna@al.ce.gov.br
WhatsApp: 85.99147.6829
Veja também
Eleições 2024: confira opções de transporte público para chegar à Alece
Os eleitores que têm sua seção eleitoral sediada na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) contam com variadas opções de transporte público...
Autor: Agência de Notícias, com Comunicação InternaAtualização do e-Título disponível para quem vai votar com o aplicativo
Lançado em 2017, o aplicativo e-Título, da Justiça Eleitoral, é uma das facilidades que a Justiça Eleitoral proporciona à eleitora e ao eleitor brasil...
Autor: Julyana Brasileiro, com informações do TSEAlece recebe cerca de 4 mil eleitores no 1º turno das eleições 2024
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) é um dos 6.713 locais de votação no Ceará aptos para receber os cidadãos e cidadãs nas eleições mu...
Autor: Agência de Notícias da Alece, com Comunicação Interna