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Ato na Assembleia Provincial pelo fim da escravidão em Fortaleza completa 137 anos

Por ALECE
25/05/2020 17:05 | Atualizado há 1 ano

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- Divulgação

A Assembleia Provincial do Ceará, que daria origem à Assembleia Legislativa do Ceará, localizada no Centro de Fortaleza, foi palco, em 24 de maio de 1883, do ato solene de libertação da população escravizada, realizado às 12 horas. O momento ficou conhecido com "sessão magna", realizada no salão nobre da sede do Poder. De acordo com os registros históricos, foram entoados cânticos dos hinos da "Redenção" (de autoria de Antônio Martins) e de "24 de Maio" pelos alunos do colégio Ateneu Cearense, mais o da "Independência" e o "Hino do Brasil". A data histórica, que marca o fim da escravidão em Fortaleza, completou 137 anos neste domingo (24/05).

O presidente do Memorial Pontes Neto da Assembleia (Malce), ex-deputado estadual Osmar Diógenes, afirma que foi um grande momento para a história da Capital, "quando os nossos irmãos, até então escravizados, foram considerados nossos iguais, dignos de respeito e de fraternidade". Ele observa que a avenida 24 de Maio, localizado no Centro de Fortaleza é uma alusão à data, que se reveste de momento histórico da cidade.

O ex-parlamentar observa que a libertação dos escravos em Fortaleza é uma consequência de outras ações realizadas ao longo dos anos anteriores pelo movimento libertário cearense. "Graças a esta luta vitoriosa das pessoas que integraram o movimento, o Ceará transformou-se em exemplo para o resto do país, que também libertaria suas populações escravizadas nos anos posteriores”, resgata.

O papel do Dragão do Mar

De acordo com Osmar Diógenes, entre as lideranças do movimento, se destaca o Dragão do Mar, "que hoje dá nome ao nosso principal Centro Cultural e também a uma loja maçônica de Fortaleza”. O abolicionista, que era popularmente conhecido como Chico da Matilde, lembra o presidente do Malce, comandou a greve de 27 de janeiro de 1881, quando a partir de então os jangadeiros se negaram a transportar escravos negros.

As ideias abolicionistas já eram difundidas na imprensa local em 1881. Na edição de primeiro de janeiro daquele ano, o jornal Libertador registrava, em linguagem da época que "a fera indomável da cobiça humana fez delle a sua victima. Escravizou-o, vendeu-o, torturou-o, matou-o! Um milhão e quinhentos mil desses infelizes, chismados com os nomes de captivos, ainda hoje não respiram livremente na pátria livre”.

As ações abolicionistas se intensificaram a partir de 1883. No primeiro dia deste ano, com as presenças de abolicionistas como João Cordeiro, Liberato Barroso, José do Patrocínio, Antônio Tibúrcio, Justiniano de Serpa e Antônio Martins, a localidade de Acarape (futura Redenção), a cidade dos engenhos de força braçal negra, libertava seus escravos, motivo de orgulho da província por ter sido pioneira no Brasil, consagrando-se como “Terra da Luz”.

Em 2 de fevereiro de 1883, Pacatuba assistia a uma grande festa pela libertação dos seus escravos, fato presenciado pelo abolicionista João Cordeiro e pela líder feminista sobralense Maria Tomásia Figueira Lima.No dia mesmo, Itapagé, então Vila de São Francisco de Uruburetama, no norte cearense, marcou sua contribuição social com a libertação dos seus 112 escravos, felizes com a alforria. A sessão ocorreu na Igreja da Matriz, sendo conquistada mais uma batalha da Sociedade Cearense Libertadora, com as presenças de José do Amaral, Antônio Martins, Rodolfo Teófilo, José do Patrocínio, João Oto do Amaral Henrique eFelipe Sampaio.

As libertações dos escravizados se intensificaram em 1884, com atos em Santa Quitéria, Cachoeira, Aracati, Cascavel, Camocim, Tamboril, Lavras da Mangabeira, Acaraú, Morada Nova, Independência, Santana do Acaraú, São Bernardo das Russas e Granja.

JS

 

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