Atenção ao burnout materno e rede de apoio para as mães são temas de encontro na Alece
Por Ana Vitória Marques21/05/2025 15:26 | Atualizado há 1 dia
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“Eu sou cordão umbilical/ Pra mim nunca tá bom/ (...) E o céu se abre de manhã/ Me abrigo em colo, em chão/ Todo homem precisa de uma mãe” - Todo Homem (part. Caetano Veloso e Moreno Veloso), Zeca Veloso
A música “Todo Homem”, composição de Zeca Veloso, traz a figura materna como pilar fundamental na vida de todo ser humano, utilizando de metáforas para falar sobre a conexão entre mães e filhos e a importância delas na existência de cada pessoa. E embora essa temática seja universal, a maternidade ainda é romantizada por muitas pessoas e carrega uma série de desafios que ainda são invisibilizados.
É diante dessa questão que, nesta quinta-feira (21/05), o Comitê de Responsabilidade Social (CRS) da Alece, por meio da Célula de Saúde Mental e Práticas Sistêmicas, promoveu um encontro com o tema “Burnout materno: um adoecimento invisível”. De caráter didático e terapêutico, a atividade foi realizada em alusão ao Dia das Mães.
Para a orientadora da célula, Carolina Peixoto, a responsabilidade social também passa pela abordagem de temáticas como essa, oferecendo caminhos e acolhimento.
“Esse momento é um alerta, um chamado de atenção, principalmente, aqui na Casa Legislativa, que é onde se faz essas leis, as políticas públicas. A ideia é que todo mundo fique atento e possa discutir sobre o assunto, trazendo a sociedade para dentro do Parlamento e sendo ponte. Além das convidadas, é um espaço de fala, acolhimento e cuidado com essas mães”, afirmou.
Foto: José Leomar
A ação foi idealizada e conduzida pelas facilitadoras Nara Guimarães, Isabel Martins e Isabel Teixeira e buscou abordar os impactos físicos, emocionais e sociais enfrentados por mães que, ao assumir múltiplas jornadas, desenvolvem sintomas associados ao esgotamento mental – o chamado burnout materno.
“A gente faz uma analogia com um fósforo que a gente acende, ele queima a cabeça, queima a madeira, até ele não ser mais nada. E o burnout materno acontece bem semelhante a isso. É um esgotamento onde há uma irritabilidade bem considerável, às vezes queda de cabelo, mudança no hábito alimentar, na rotina de sono. E é pertinente falar sobre isso porque a maternidade também traz sofrimento para a mãe e é preciso que elas encontrem uma rede de apoio”, disse a psicóloga Isabel Teixeira.
Entre informações, diagnósticos, partilhas e acolhimento de mães
Entre as convidadas do encontro, estava Ionesia Amaral, ginecologista, obstetra e psiquiatra com habilitação em infância e adolescência. Ela ressaltou que as políticas públicas existentes são insuficientes e inadequadas para a dimensão dessa problemática.
“O burnout é um termo que a Organização Mundial da Saúde alocou como uma doença ocupacional desde 2022. O termo é linkado com o estresse crônico relativo ao trabalho, mas a gente vem trazendo esses elementos e essa estruturação para o contexto da maternidade. Os transtornos mentais podem se iniciar antes da gestação, durante a gestação, mas eles podem se iniciar no puerpério”, explicou Ionesia.
Ionesia Amaral e Jancimara Monteiro durante roda de conversa. Foto: José Leomar
Trazendo uma vivência real sobre o tema, a convidada Jancimara Monteiro conversou sobre a experiência dela. Advogada por formação, Jancimara parou de trabalhar assim que teve a primeira filha, aos 25 anos, e se viu sozinha diante do desafio da maternidade. Hoje, três anos depois e após passar por um quadro de depressão, ela contou que está no processo de se descobrir como mãe e no tratamento do chamado burnout materno.
“Logo que ela nasceu, eu tive que me desvencilhar de outro mundo. Até então, eu achava que maternidade era de boa, todo mundo consegue. Mas aí quando a criança nasce é completamente diferente. E eu entrei numa depressão muito profunda e normalizei por achar que todo mundo se sentia dessa forma. Na minha cabeça, se eu pedisse ajuda, eu estaria sendo fraca. Eu cheguei no meu limite e precisei buscar ajuda”, compartilhou.
Grupos Terapêuticos
Além de rodas de conversa como essa, a Célula de Saúde Mental e Práticas Sistêmicas desenvolve de maneira contínua os grupos terapêuticos sistêmicos. Eles acontecem quartas-feiras, às 15h, com a psicóloga Nara Guimarães e quintas-feiras, às 10h, com as psicólogas Isabel Martins e a Isabel Teixeira.
“Eles são abertos, tanto para servidores, dependentes e comunidade. Então é uma opção de um cuidado, estão todos convidados. Quem se sentir chamado é um grupo que não depende de público”, convidou a orientadora da célula, Carolina Peixoto.
“Os grupos terapêuticos funcionam inclusive como um recurso de ajuda para essas mães que têm burnout ou outras condições. E eu sempre digo que o grupo é uma grande partilha, a gente vem com tamanho, se permite e vai embora bem maior”, ressaltou Isabel Teixeira.
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