“A Bruxa”: entre o fundamentalismo religioso e a realidade
Por ALECE18/12/2020 14:30
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Se o fundamentalismo religioso faz estragos em nossa sociedade, vide Estado Islâmico e outras correntes espirituais que buscam o fanatismo de seus integrantes, mesmo com toda a ciência e informações acessíveis ao conjunto da sociedade, podemos imaginar os efeitos e repercussões da religiosidade quase cega durante o século XVII. É neste cenário de obscuridade do conhecimento que se desenvolve "A Bruxa”, filme em que Robert Eggers estreia como diretor, que tem a atriz Anya Taylor-Joy ("O Gambito da Rainha") como protagonista.
Eggers é o cineasta do recente “O Farol” (2019), estrelado por Willem Dafoe e Robert Pattinson, que foi indicado ao Oscar de melhor fotografia neste ano.
Banidos de uma aldeia de migrantes localizada na Nova Inglaterra, no Nordeste dos Estados Unidos, onde viviam, depois de serem condenados por heresia em um julgamento cristão, os puritanos William (Ralph Ineson) e Katherine (Kate Dickie) partem em direção ao interior da região, ainda mais inóspito, levando seus filhos e poucos pertences.
A clareira às margens de uma floresta onde se estabelecem, porém, não demora a dar sinais de que há uma força sombria trabalhando no local, especialmente quando a filha mais velha, Thomasin (Anya Taylor-Joy), perde o bebê da família inexplicavelmente. Outros sinais vêm a seguir, envolvendo os gêmeos Mercy (Ellie Grainger) e Jonas (Lucas Dawson), além do filho do meio Caleb (Harvey Scrimshaw), determinado a ajudar seus pais durante sua provação.
Drama familiar em meio a clima perturbador
Thomasin é entregue como um bode expiatório para os diversos infortúnios que se abatem sobre a família, enquanto William está em conflito entre suas convicções religiosas e o seu dever como um pai. É uma história intensa que leva a um excelente drama familiar. E é este drama familiar que dá o elemento de horror que “The Witch” necessita. Não se trata de um filme aterrorizante, mas é perturbador, usando truques diferentes para jogar em cima suas expectativas. O que mais se destaca é a utilização do som e da pontuação de cena.
A tensão só se amplia com o avançar da história. O filme é também sobre o pecado e a repressão da sociedade, especialmente devido à religião. A própria trama pressupõe que o pai, William, fez uma leitura exagerada das escrituras e foi expulso da comunidade. Na família retratada, todos os personagens são reprimidos: não conseguem cumprir aquilo que querem e têm dificuldades de lidar uns com os outros.
A Bruxa está disponível na plataforma YouTube no endereço https://www.youtube.com/watch?v=NEUehYOdFyw
JS
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