Série de reportagens da TV Assembleia chega à final do 7º prêmio nacional Abear de jornalismo
Por ALECE08/10/2019 17:03 | Atualizado há 1 ano
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Quando a chefe de redação da TV Assembleia, Suely Frota, saiu de férias, em junho passado, embarcou em um vôo que fazia escala em Brasília. Ao aterrissar na capital do país, o comandante da aeronave informou aos passageiros que aquele trecho da viagem havia transportado com sucesso um órgão humano para ser transplantado. A informação emocionou os passageiros. Alguns aplaudiam e o semblante de satisfação era visível nas faces de todos. Muitos aplaudiram o êxito da missão. Aquele momento tocou profundamente a jornalista, fazendo brotar a ideia de ser produzida uma reportagem onde seria narrada toda a saga de um transplante, desde a captação do órgão até a cirurgia no receptor.
Ao retornar ao trabalho, com a ideia ainda viva na memória, Suely Frota recebeu em sua caixa postal um email da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), convidando a participar da 7ª edição do Prêmio Abear de Jornalismo, que tem entre as suas categorias o Prêmio Especial Asas do Bem e Responsabilidade Social. O mesmo email também chegou para a jornalista Cibele Couto, que de pronto aceitou a responsabilidade de conduzir a série de reportagens. Até então não se sabia da dimensão da tarefa - que, com todas as dificuldades encontradas, se transformou em três reportagens especiais, de aproximadamente dez minutos cada, apresentadas nos telejornais da emissora "Jornal Assembleia" apresentado às 18h50min, e "Primeiro Expediente", que vai ao ar pelas manhãs a partir das 8h20min.
As reportagens tiveram locações nos hospitais Walter Cantídio, Instituto José Frota, Waldemar Alcântara, Hospital Geral de Fortaleza, Hospital de Messejana, todos em Fortaleza, e no Instituto do Coração, em São Paulo. "Foi uma série realmente desafiadora, que teve trabalho inclusive de madrugada, fontes de fora do Estado, acompanhamento de captação e de transplante de órgão, o que demandou também muita pesquisa", explicou Suely.
Sobre a série
Na primeira reportagem, exibida em 17 de setembro, é esclarecido que 96% dos procedimentos e cirurgias são realizados com recursos públicos, quando os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo os exames, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Em números, conforme a matéria apresentada, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, onde os procedimentos são realizados pelo sistema privado. Em 2018, foram realizados no Brasil 26.518 transplantes. Um doador é capaz de tirar até sete pacientes da fila do transplante. Vale destacar ainda que as empresas áreas fazem todo o transporte de órgãos, tecidos, captadores e médicos gratuitamente.
Conforme Cibele Couto, desde que a série de reportagens passou para a fase de execução, passou a calçar diariamente tênis para ir ao trabalho. "A gente sabia que precisava ser ágil nos deslocamentos, pois os horários em que acontecem os procedimentos cirúrgicos de transplante são imprevisíveis. Por isso, procuramos tirar qualquer obstáculo que pudesse atrapalhar", conta.
Para Cibele, mesmo sendo uma tarefa muito desafiadora, as reportagens foram também gratificantes. "A gente conheceu pessoas que estavam esperando serem transplantadas e se mostraram tão otimistas diante da dificuldade de receber um órgão. Há histórias de pessoas que largam tudo e vêm para o Ceará em busca de entrar na fila de transplante. O mais marcante, no entanto, foi acompanhar uma cirurgia em São Paulo, de forma totalmente inesperada", revela.
A jornalista esclarece que durante o cumprimento de um cronograma de pautas pré-estabelecidas, recebeu o comunicado de que um órgão estava chegando em São Paulo para ser transplantado no Instituto do Coração. "Naquele momento, nos informaram que daria para acompanhar tudo, se estivéssemos no heliponto quando o helicóptero que vinha trazendo o órgão chegasse, até ingressar na sala de cirurgia e acompanhar o procedimento", recorda.
Segundo Cibele, foi um grande correria do local de onde estava para fazer uma entrevista, próximo à avenida Rebouças, em São Paulo, até o Instituto do Coração, na avenida Dr. Enéas Carvalho de Aguiar. "A gente tinha um cronograma de entrevistas e com essa mudança, foi uma loucura. Fomos de taxi, desesperadamente, olhando relógio. Vimos que o horário estourou, ligamos para a Suely, em Fortaleza, falamos com a assessora do Incor e ela respondeu "faça o seu melhor". Não tinha como retardar os procedimentos, pois a vida depende também da urgência com que é feito o procedimento. Não dava para segurar o helicóptero, era até um pecado", explica.
Superando desafios
Mas as coincidências mais uma vez estiveram a favor da equipe de jornalismo da TV Assembleia. O pouso sofreu um pequeno atraso, o suficiente para permitir que a jornalista e o cinegrafista Márcio Moreira chegassem ao local a tempo de fazer as imagens da chegada do aparelho no heliponto para a reportagem. A dupla ainda teve o trabalho de convencer a segurança do Incor de que eles estavam autorizados para ingressar na área do heliponto.
"A gente atravessou as ruas correndo, atrapalhando o trânsito, para chegar na hora, não ia ser possível de um segurança atrapalhar o nosso trabalho. As pessoas da portaria do Incor já conhecia a gente. Subimos as escadas correndo. Quando chegamos no elevador, diante a porta de vidro para os últimos até o heliponto, o segurança disse "minha filha, você só pode ir até aqui. E eu argumentei: 'a gente veio do Ceará, de tão longe para conseguir chegar aqui e fazer isso e você vai me barrar na porta?'"
Cibele explica tudo já havia sido previamente autorizado. No entanto, aparentemente, não teria havido comunicação para os agentes de segurança. Essa parte da reportagem, no entanto, foi salva pela assessoria do Incor, que informou estar acompanhando a equipe cearense. Foram ainda necessárias muitas ligações telefônicas até que a entrada fosse finalmente liberada e a imagens realizadas.
O imprevisto no heliponto fez um grande contraste com o restante do trabalho, de acordo com Cibele. O tratamento que se seguiu foi diametralmente oposto. "Os médicos foram incríveis com a gente. Deram praticamente uma aula de como é um transplante. Ficamos na sala de cirurgia lado a lado com os médicos residentes que também acompanham os procedimentos", revela.
Na avaliação de Cibele, somente já ter sido selecionado entre os 163 trabalhos inscritos, ficando entre os cinco finalistas na categoria Prêmio Especial Asas do Bem e Responsabilidade Social, já consagrou todo o esforço da equipe. "Somos a única emissora de televisão desta categoria, e estamos disputando um prêmio nacional ao lado das emissoras de rádio CBN Goiânia, Rádio Super Notícia de Belo Horizonte e Bandnews de Curitiba. É muito gratificante, coroando todo o trabalho", acentuou.
A série de reportagens teve a produção de Suely Frota, reportagem de Cibele Couto, edição de texto de Suely e Cibele, edição de imagens de Márcio Souto e Ribamar Júnior, artes de Daniel Cardoso, imagens de Márcio Moreira e Pedro Paulo, e transporte de Félix Magalhães. Quem ainda não assistiu ou quer rever as reportagens, basta acessar o canal da TV Assembleia no Youtube: https://www.youtube.com/user/TVAssembleiaCeara. Os vencedores do prêmio serão conhecidos em 18 de outubro próximo. Em todas categorias, 30 matérias estão classificadas.
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