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Filme indiano Tigre Branco é atração na Netflix

Por ALECE
04/02/2021 17:34

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Filme  é apontado como um dos possíveis indicados às premiações nesta temporada Filme é apontado como um dos possíveis indicados às premiações nesta temporada - Divulgação

Lançado pela plataforma de streaming Netflix no último dia 13 de janeiro, o filme indiano Tigre Branco (The White Tiger) é apontado como um dos possíveis indicados às premiações nesta temporada, dentre elas o Oscar, repetindo o feito do sul-coreano Parasita, que arrebatou a estatueta da Academia de Hollywood em 2020.

Talvez um raio não caia duas vezes no mesmo lugar. Mas talvez isso possa acontecer por dois motivos. O primeiro é que a produção, dirigida por Ramin Bahrani, conhecido por seus trabalhos em 99 Casas (2014) e Fahrenheit 451 (2018), realmente possui qualidade para prender o público na cadeira até o final. O segundo motivo é que boa parte das cenas são faladas na língua nativa dos patrocinadores da premiação.

Apesar de tratar de um tema denso, que é a desigualdade social acentuada na Índia, agravada com a divisão milenar de castas que procurem dar uma roupagem espiritual na discriminação e preconceitos entre etnias, a trama não carrega todo este peso. Ela conta a história de Balram, jovem nascido em um vilarejo miserável, longe das grandes cidades, mas profundamente ambicioso. Como o tigre branco, que só apresenta um exemplar nessa coloração a cada geração, conforme narra o filme.

Sagaz e esperto desde criança e considerado um prodígio na escola por sua capacidade de ler na língua inglesa, Balram percebe que para ascender na pirâmide social e se aproximar da classe mais abastada, é necessário ter alguma habilidade a oferecer. Assim, ludibria a matriarca de sua família, a avó, fazendo-a custear aulas de volante até a habilitação, para em seguida se oferecer como motorista da família de ricos que controlam o território onde está a sua favela natal.

Mesmo vivendo em uma sociedade quase feudal, Balram mantém sua ambição de mudar de vida. Segundo ele, os ricos só continuam prosperando na Índia porque têm o "melhor" sistema democrático do mundo: os mais necessitados se conformam com a inferioridade, presos como se fossem galinhas em um galinheiro, apenas esperando o momento do abate.

Sempre aos olhos do jovem motorista, a exposição da narrativa faz um estudo da desigualdade social indiana e de como o sistema viciado e corrupto do Estado (e dos milionários) prende a classe mais necessitada em um ciclo de pobreza sem fim. Apesar que oportunidades estejam surgindo para os povos marrom e amarelo - na visão de Balram, a hegemonia dos brancos está sucumbindo, e o futuro está nas mãos da Índia e da China - o poder ainda é centralizado nas mãos de quem tem dinheiro.

O drama que conta a trajetória do “tigre branco” até o topo da cadeia alimentar é uma adaptação do livro homônimo escrito por Aravind Adiga em 2008. O filme já começa bem e traz ensinamentos e reflexões sobre a cultura indiana, incluindo o grande número de deuses que possuem. O protagonista vai trazendo diversas críticas sobre seu país e conecta a história de sua vida com a da Índia. O filme prende, entretém e provoca o espectador.

JS

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