Célula de Qualificação dos Servidores

Webinar discute Programa Vidas Preservadas

Por ALECE
13/04/2021 21:12 | Atualizado há 2 anos

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Exposição trouxe números sobre suicídios e avaliações sobre como atuar preventivamente Exposição trouxe números sobre suicídios e avaliações sobre como atuar preventivamente - Foto: Júlio Sonsol/ Núcleo de Comunicação Interna da AL

A Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), por meio da Célula de Qualificação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Ceará, realizou, nesta terça-feira (13/04), Webinar sobre o tema “Programa Vidas Preservadas de prevenção ao suicídio e o impacto no Ceará”. A exposição coube ao promotor de Justiça de defesa da pessoa com deficiência de Fortaleza e coordenador do programa Vidas Preservadas de prevenção e do suicídio, Hugo Frota Magalhães Porto Neto.

Ele também integra o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência e é especialista em sistemas jurídicos e criminalidade em Direito Ambiental. Sua participação na atividade se deu a convite da primeira-dama da Assembleia, Cristiane Leitão.

O promotor disse que o programa, criado em 2018, já passou por aperfeiçoamentos ao longo do tempo.  Segundo ele, a iniciativa é uma plataforma coletiva que tem a participação de vários integrantes, como  Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE). "O trabalho é uma construção contínua", frisou.

Números

Hugo Frota acentuou que o suicídio não é tratado da forma que seria necessária. São, segundo ele  2.160 casos por dia, no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados 884 mil por ano, no mundo, sendo apontados 11,4 a cada grupo de 100 mil habitantes. Além disto, 70% das ocorrências são em países de baixa renda, causadas pela desigualdade e ausência de políticas públicas para atender este segmento populacional.  O Brasil é o oitavo país em números absolutos, com 32 suicídios por dia, um a cada 45 minutos. "As catástrofes atigem mais aos desasistidos. São mais vidas perdidas do que se somarem as perdas por homícidios e guerras em todo o globo”, afirmou.

Ainda de acordo com o promotor, a maior incidência é registrada em pessoas com mais de 70 anos, causadas pela solidão, desasistência e comorbidades e medicamentos. “O Ceará em seu segmento indígena tem uma incidência grande de suicídios. Para atender esse grupo, estão sendo capacitados profissionais para prevenir suicídios em aldeias. No Estado foi desenvolvido conhecimento para estes atendimentos e hoje se exporta esta expertise”, afirmou.

De acordo com Hugo Frota, jovens de 15 a 19 anos de idade têm no suicídio a segunda maior causa de morte. “Esta temática é mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Quando fui identificado como participante do programa, pessoas começavam a me falar sobre questões de suas vidas e de familiares”, relatou. No seu entender, é necessário que toda sociedade saiba conviver e tratar este problema. “Entre os homens é mais incidente do que entre as mulheres. Cada pessoa antes de se suicidar tenta cerca de 20 vezes. A pessoa dá muitos sinais (antes de consumar o suicídio)”, revelou.

Na avaliação do promotor, é preciso haver uma teia que envolva desde o agente de saúde à família, passando pelo líder religioso com noções sobre prevenção do suicídio, que é a sexta causa de morte entre as pessoas de 15 aos 40 anos. “É uma questão social, laboral e familiar. O enfrentamento deve ser multifacetado e multidisciplinar. Estamos falando de seres humanas em todas as suas peculiaridades e os recursos precisam chegar da forma correta”, pontuou.

Segundo afirmou Hugo Frota, a cada caso consumado, são afetadas de cinco a seis pessoas. “É um luto incompreendido e que não fecha. Pessoas mudam seus rumos diante do impacto de um suicídio. É preciso fazer a escuta correta sem juízo de valor. O programa tem formado pessoas especializadas nestas escutas. O Norte e o Nordeste, com mais baixos índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e qualidade de vida, são as regiões com maior incidência. O Ceará é o quinto do ranking, de 2011 a 2015, conforme pesquisa do DataSUS”, explanou.

O impacto da pandemia nos índices de suicídio

O promotor assinalou ainda que a pandemia da Covid-19 trouxe um dos maiores desafios da humanidade, haja vista o que virá depois dela. “Muitas pessoas  vivendo dentro de uma habitação por mais tempo têm favorecido o crescimento da  violência doméstica, com repercussões na saúde mental, gerando depressão e outros desconfortos mentais”, frisou.

Os dias de hoje também estão levando desamparo, desespero e  desesperança para grande parte da população e sendo causas de mais suicídios, no seu entender. “A gente se encontra em uma segunda onda da pandemia. Outra percepção dos médicos psiquiatras é que 76% dos pacientes retornaram depois de terem recebido alta, por causa da pandemia. Houve um aumento durante a pandemia e 100% dos psquiatras relatam agravamento de sintomas antigos. Há ainda 67,8% novos pacientes”, apontou.

O promotor esclareceu que 90% dos suicídios podem ser evitados. Para isso é necessário haver conhecimento, números e orçamento. “A política pública se faz com estes três elementos. Precisamos sair do verbo para a verba. Precisamos concentrar esforços, porque assim estaremos indiretamente investindo em combate a criminalidade, e melhoria da economia”, elencou.

O promotor asseverou ainda que quem está melhor em suas condições mentais não significa que se encontre totalmente fora de risco. “Não é porque a pessoa deixou de falar do assunto que ela não possa novamente se envolver com esse fenômeno. O processo pode ser disparado sem ausência de crise. É preciso conhecer todos esses fatores”, apontou.

Apresentação

A coordenadora do Núcleo de Saúde Mental, vinculado ao Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) do Poder Legislativo, Rejane Sales, apresentou o expositor e apontou o programa Vidas Preservadas como exemplar. “A parceria com o Ministério Público nos traz satisfação para alavancar o Núcleo de Saúde Mental da Assembleia. Todos devemos colaborar e despertar no cuidado de um ao outro. Não podemos ter a ilusão de que somos só. Temos um chamado para integrar as ações na comunidade”, defendeu.

O Webinar foi voltado exclusivamente para os servidores do Poder Legislativo e teve transmissão online ao vivo por meio da plataforma Zoom. A atividade tem também o objetivo de fortalecer a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e combate à Depressão e ao Suicídio, instituída na AL.

JS

 

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