Solidão da pessoa idosa e consequências para cognição são debatidas em Webinar
Por ALECE28/09/2021 20:53
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A Célula de Qualificação dos Servidores, da Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), da Assembleia Legislativa do Ceará, realizou, nesta terça-feira (28/09), Webinar sobre o tema “O agravo da solidão da pessoa idosa e as consequências para a cognição". A exposição foi apresentada por Lucila Bonfim Lopes Pinto e Airton Andrade Correia.
Lucila Bonfim é coordenadora da Célula de Terapia Ocupacional do Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Alece, com atuação na prevenção e reabilitação de memória há mais de 30 anos, mestre em Psicologia e doutoranda em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Já Airton Andrade Correia é juiz e procurador federal, com formação em Direito, Psicologia e Administração e voluntário do Lar Torres de Melo.
Em sua exposição, Lucila Bonfim observou ter feito vasta pesquisa para a apresentação. Na sua avaliação, há múltiplas versões da velhice. “Somos 211 milhões pessoas no Brasil, e 13% são idosas. No Ceará, também 13% da população estão acima de 60 anos de idade. E se verifica uma evolução se amplia com o passar do tempo”, pontuou.
A expositora diferenciou ainda senescência e senilidade. Se na senescência há um envelhecimento normal, o senil é o que envelhece com patologias. “O distanciamento social e o isolamento levam à solidão e prejudicam a cognição. Solidão é o estado de quem está só, retirado do mundo ou quem se sente dessa forma mesmo rodeado de pessoas. É epidêmico nos dias atuais e é provocado pela carência dos relacionamentos. A gente tem de ter prazer e o os relacionamentos devem ser significantes”, afirmou.
Conforme afirmou a palestrante, tudo vai depender das relações sociais e experiências de vida. A solidão não depende da quantidade de interações sociais e é altamente subjetiva. No seu entender, há dois eixos fundamentais: a família e o trabalho. “Mas se acontecer alterações drásticas poderão se desencadeadas ideias de solidão. A solidão pode ser emocional ou social, que depende de uma cadeia de relações de amigos”, afirmou.
Lucila Bomfim afirmou ainda que as pessoas idosas institucionalizadas sofrem do abandono e exclusão, mas pontuou que esta pode ser uma experiência positiva. “Depende de como a pessoa vê o mundo. Muitos escolhem morar em uma instituição por opção, porque há também benefícios”, frisou.
Estratégias
Como estratégia para o envelhecimeto Lucila Bonfim aconselhou os participantes no sentido de buscar aflorar o crescimento espiritual, tornar-se consciente acerca de seu papel como cidadão, reconhecendo direitos e deveres; investir em si próprio, cuidando da saúde mental e física; ter consciência de suas limitações, mas que isso não implique em afastamento social. Para lidar com a solidão, ela recomendou passeios, convívios e atividades diversas, privilegiando-se a comunicação e divertimento.
Ela destacou que quando há o isolamento, vêm com ela a redução da fluência verbal, a recordação imediata e atraso de recordação. “Isolamento e solidão são associadas a perdas cognitivas, e são fatores de risco para problemas de saúde psicossomáticos e baixa autoestima. Também podem levar ao suicídio”, alertou.
Educação como meio de se manter ativo
Airton Correia revelou que se aposentou com 50 anos, mas devido a ter tido uma vida muito corrida, durante a profissão, após três meses de ócio resultante da aposentadoria, veio a depressão. “Entrei em processo depressivo e tive que fazer tratamento com psiquiatra. Aí vi que não podia nem devia ficar parado. Por indicação dos amigos, resolveu cursar Psicologia”, afirmou.
Quando ingressou no curso, conforme relatou, estava “com muito medo”. Mas por conta de ter uma fluência de texto, era convidado para as equipes dos mais jovens, em sua turma da faculdade. Assim, passou a ter confiança, e se aproximou das colegas de turma. Desta forma, concluiu Psicologia após oito anos. “A convivência com os mais jovens foi tão importante quanto o curso”, relatou. Segundo frisou, os idosos têm problemas de convivência com os mais jovens por não compreendê-los.
Na compreensão do expositor, o idoso, quando teve uma vida normal (ou sejja, na qual se divertiu quando jovem e trabalhou quando adulto), vai chegar na velhice de maneira saudável e íntegra. E isso pode transformar a velhice em sua melhor parte da vida. “A única maneira de viver muito é envelhecendo, mas nem todo mundo se prepara para o envelhecimento”, reconheceu.
Na sua avaliação, a maioria das pessoas vê as pessoas de terceira idade como “alguém que não serve para nada”. “A ideia que a sociedade passa é que o idoso é alguém que está perto de morrer e isso não é verdade. Pode-se se viver uma vida plena também na velhice”, afirmou Airton Correia.
Saiba mais
A presidente do Movimento das Mulheres do Legislativo Cearense (MMLC) e primeira-dama da Assembleia, Cristiane Leitão, destacou que os expositores são referências no atendimento ao idoso. Ela lembrou que o dia 1º de outubro é o Dia do Idoso, e que também ainda estamos dentro da campanha Setembro Amarelo, voltada ao combate à depressão e ao suicídio.
Cristiane Leitão acentuou que é importante manter a relação de hierarquia e temos “de honrar, respeitar e valorizar os que vieram antes da gente. Nossos país, avós e ancestrais. Com esse olhar de gratidão, realmente a gente faz a diferença, levando força a todo o nosso espaço de convivência”, disse.
O Webinar integrou a programação da campanha Setembro Amarelo, realizada pelo Poder Legislativo, fazendo parte das ações da Célula de Terapia Ocupacional, em parceria com o Núcleo de Saúde Mental, Núcleo de Práticas Sistêmicas e Núcleo de Mediação e Gestão de Conflitos, além do DSAS.
JS
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