Agenda Cultural

Série indicada ao Globo de Ouro mostra os riscos do uso de medicamento que mata 60 mil americanos por ano

Por ALECE
16/12/2021 16:55

Compartilhe esta notícia:

Série é produzida e protagonizada por Michael Keaton Série é produzida e protagonizada por Michael Keaton - Foto: Divulgação/Star+

Quando as drogas passam pela fiscalização dos órgãos reguladores, e o encarregado pelo estudo é cooptado pela indústria farmacêutica, ocorre com muita facilidade que medicamentos altamente nocivos à saúde cheguem ao mercado por meio de pontos de vendas oficiais, sem passar pelo tráfico. É o que mostra a minissérie "Dopesick" ("dopando a dor", em tradução livre), protagonizada e produzida pelo ator Michael Keaton, que interpreta o médico Samuel Flixx, responsável pela saúde da pequena comunidade Appalachian, no estado de Virgínia (Estados Unidos).

Esta minissérie está entre as indicadas ao prêmio Globo de Ouro 2022, ao lado das produções "Mare of Easttown" (https://bit.ly/3m9QkUv) e "The Underground railroad" (https://bit.ly/3m7SAM6), ambas já analisadas em textos anteriores pelo Portal do Servidor. As indicações ao prêmio foram divulgadas nesta segunda-feira (13/12). Os vencedores serão anunciados no dia 9 de janeiro de 2022.

A venda indiscriminada do medicamento Oxycontin, até hoje liberada no Brasil,  levaram os Estados Unidos a enfrentar uma das piores crises de saúde de sua história. Milhões de norteamericanos sofreram com o vício em opioides por conta da prescrição e comercialização e produção do item pela indústria farmacêutica. A minissérie do Star+, expõe os efeitos devastadores destes eventos.

Escrita e criada Emmy Danny Strong, a produção é baseada no livro homônimo de Beth May que entrou para a lista de mais vendidos dos Estados Unidos em 2018. Na obra, a autora descreve a crise que resultou em inúmeros viciados em remédios controlados e em um alto índice de mortes.

Sobre a trama

"Dopesick" relata os eventos em dois períodos: o primeiro em 1996, quando Richard Sackler (Michael Stuhlbarg) decide investir e comercializar o opioide Oxycontin, remédio com forte efeito analgésico derivado da papoula do Oriente, de onde deriva a morfina, e a heroína, tipo de medicamento altamente suscetível ao vício. Já o segundo momento, situado no início dos anos 2000, mostra a jornada de dois promotores públicos tentando expor os abusos da indústria Purdue Pharma, empresa farmacêutica responsável pela criação e distribuição da droga.

Para incluir a visão das vítimas dentro deste drama de escalas continentais, a série mostra a visão de duas figuras opostas: Samuel Flixx, um devoto médico de Betsy Mallum (Kaitlyn Dever), jovem mineira de classe média baixa que se torna viciada em opioide. "Dopesick" explica o caos imposto pela crise de saúde de maneira quase didática.

Enquanto a ambição de Sackler e de outros executivos da Purdue Pharma coloca em risco a vida de milhões de americanos, uma frase de Flixx logo no início do primeiro episódio, dita durante o julgamento do caso Oxycontin, descreve a magnitude do problema em questão: "Eu não acredito em quantos dos meus pacientes estão mortos agora".

A minissérie utiliza recursos ficcionais, para dar maior dramaticidade às cenas, mas sem deixar de contar uma história factualmente correta. "Dopesick" é uma ilustração poderosa do poder das pessoas sem limites financeiros ou morais e do sofrimento induzido pela ganância da indústria farmacêutica. A crise ganha ares políticos quando o próprio sistema regulatório estadunidense se torna cúmplice dos interesses corporativos.

Essa cumplicidade entre políticos e executivos se torna clara quando a luta dos procuradores Rick Mountcastle (Peter Sarsgaard) e Randy Ramseyer (John Hoogenakker) começa a ser ofuscada por poderes ocultos. Por meio do trabalho da dupla e da agente Bridget Meyer (Rosario Dawson), do departamento de narcóticos, a série destaca o domínio que o setor privado mantém sob o público.

"Dopesick" mostra também uma crise que persiste até hoje no sistema de saúde norteamericano, que foi instaurada por cada parte da pirâmide que compõe a indústria farmacêutica: executivos, representantes, médicos e advogados, todos culpados pelo alto número de viciados e mortos causados pelos opioides. De acordo com a revista Superinteressante, cerca de 60 mil estadunidenses morrem anualmente em decorrência do uso de Oxycontin, que já tem 2 milhões de viciados nos EUA. O cantor Prince e a atriz Carrie Fisher estão entre as vítimas fatais.

Serviço: "Dopesick", em oito episódios, pode ser assistida completa na plataforma Star+

JS

 

Núcleo de Comunicação Interna da Alece

Email: comunicacaointerna@al.ce.gov.br

Telefone: 85.3257.3032

Página: https://portaldoservidor.al.ce.gov.br/

Veja também