Quando a paternidade quebra preconceitos
Por ALECE09/08/2019 13:09
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Como tantas outras, a paternidade chegou de forma inesperada ao jornalista Welington Sena. Nos idos de 1987, quando trabalhava no antigo estúdio da Volta da Jurema, recebeu a notícia de sua namorada, que o deixou bem à vontade sobre a possível decisão pelo casamento, bem como sobre vir a assumir a missão de ser pai. O dever moral falou mais forte e ele casou. A história da gravidez de uma mãe solteira seria muito semelhante a muitas outras que se repetem até os dias de hoje, senão por uma diferença. Welington nunca fez segredo de sua homossexualidade.
"As pessoas até hoje perguntam se quando casei, se eu já seria homossexual. A resposta é sim. A gente nasce. Ninguém vira gay. Eu pelo menos acredito que a gente já nasce com esse estado. Não é algo que o indivíduo possa programar. Comigo, ao menos, foi assim que aconteceu", revela. Ele observa que, mesmo assim, as pessoas estão expostas na vida a passar por situações que não estão programadas. "Outras pessoas se sentem atraídas por você, independente do sexo", pontua.
A história da paternidade teve início quando uma menina, Roberta, "que andava muito pelo estúdio" sentiu essa atração por Welington. "Nessas idas e vindas a gente resolveu sair e numa dessas saídas aconteceu que ela ficou grávida", conta. A notícia foi dada a ele pela mãe da menina, que telefonou e perguntou sobre "suas intenções", avisando que se não quisesse casar não haveria qualquer problema.
A resposta foi ato contínuo. Welington disse logo que iria casar com Roberta, por sentir que tinha essa obrigação. "O meu caráter não permitiria que eu engravidasse a menina e saísse fora. Casei, mas foi um casamento que durou pouco", confessa. As bodas chegaram ao fim cerca de dois anos depois. Mas a paternidade é ato impossível de abdicar, no seu sentimento.
Relação com a filha
Assumir a homossexualidade perante a própria filha não foi problema para Welington. Ele acredita que a revelação foi um processo natural, que não causou impactos desagradáveis em sua vida. "A forma como a gente se conduz na vida impõe um respeito. Nunca tive problema pelo fato de ser homossexual, seja na vida pessoal ou no trabalho. A isso atribuo a minha forma de ser e me comportar. Quando a gente impõe respeito, se ganha respeito. Tenho um saldo muito positivo em relação a isso", destaca.
Welington Sena esclarece que hoje lida muito melhor com a paternidade do que nos primeiros anos como pai. "Hoje me sinto verdadeiramente pai, até porque me separei muito rápido. Na época, minha filha tinha um pouco mais de um ano. Não havia ainda criado uma relação de pai e filha. Atualmente, somos muito mais próximos, como um sentimento de paternidade mais amadurecido. Para mim, hoje é muito boa essa experiência, e vejo a minha filha como minha continuidade", define.
Aceitação e convivência
O momento de revelar a sua homossexualidade para a filha foi marcante para Welington. Ele recorda que a princípio, tocar no tema com Gabriele, hoje com 31 anos, era algo de certa forma assustador. "Não sabia se haveria aceitação ou não, por parte dela. Porém, ela aceitou com naturalidade", afirma. Ele recorda que anos após romper o casamento, conheceu Marcelo, com quem teve um relacionamento por 13 anos. Durante esse período, a filha, então 16 anos, foi morar com os dois, sem demonstrar nenhum estranhamento.
"A gente conviveu por três anos, morando sob o mesmo teto, Marcelo, minha filha e eu. Ela tinha até mais afinidade com o meu companheiro do que comigo. Ele era próximo dela, sempre conversavam. Antes eu contei pra ela que a gente morava juntos, que éramos gays. Ela respondeu que a vida era minha, cabendo a mim administrar os meus afetos. Mas eu não tenho nenhum problema em relação a isso. Por isso, nunca tive nenhum obstáculo, porque vi que a aceitação foi muito boa", explica Welington.
Mesmo após a separação da mãe de Gabriele, o jornalista continuou tendo um bom relacionamento com a ex-mulher, da mesma forma que mantém laços de amizade com Marcelo, de quem já se separou. Hoje avô de Renan, Welington demonstra que o exercício da sua sexualidade na plenitude nunca foi obstáculo para a sua felicidade pessoal. "A aceitação de minha filha a mim foi um grande respiro. Um problema que eu poderia ter, se não houvesse esse bom entendimento dela sobre minha vida, nunca existiu", assegura.
JS/SC
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