Psicólogo orienta sobre saúde mental de crianças

A saúde mental de crianças requer atenção. No mês que se festeja o Dia das Crianças (12 de outubro), a preocupação com pessoas em tenra idade salta mais aos olhos. Em entrevista à jornalista Kézya Diniz, no programa Narcélio Limaverde, da Rádio FM Assembleia, o psicólogo Vicente Melo apontou alguns procedimentos que podem ser adotados por pais e responsáveis de crianças e pré-adolescentes.

De acordo com o psicólogo, sempre que a saúde mental é abordada, deve-se potencializar o que se faz bem. "Quando a gente fala com criança é diferente. Isso porque ela não tem seus desejos minimamente respeitados pela idade que tem. Existe pouco tempo dedicado a crianças e espaços de convivência onde ela possa se relacionar com outras pessoas", avalia.

Para Vicente Melo, saúde mental não é simplesmente abordar assuntos agradáveis, mas também a possibilidade de criar condições para que a criança tenha resiliência e tolerância à frustração. "A partir do momento em que se camufla e se coloca a criança dentro de um cômodo, de um apartamento ou condomínio e não se dá a possibilidade de ela se frustrar", acentua.

Aprendizagem a partir das frustrações

O psicólogo recomenda que seja dado espaço para que a criança aprenda com suas frustrações, em convívio com as demais pessoas. "As relações interpessoais são desafiadoras e podem ser ressignificadas. Sou muito a favor de jogos de competição e também de cooperação. Esse duo é importante para que a criança conheça suas potencialidades e limites, que comumente são blindadas pelo isolamento", observa.

Vicente Melo explica que homens e mulheres são seres de relação, e estas relações ficaram prejudicadas pela pandemia da Covid-19, forçando o distanciamento das pessoas. Ele revela que por conta desta questão, houve déficit de linguagem e no aprendizado em enfrentar os desafios diários. "Para as crianças, isso prejudicou sobremaneira, principalmente com a retirada delas das salas de aula, quando as relações são desenvolvidas da forma mais significativa possível", explana.

Para minimamente suprir estes vácuos na sociabilização, o psicólogo recomenda que as relações das crianças com as demais pessoas sejam fomentadas urgentemente. "Precisamos fazer com que as crianças brinquem. Sei que vivemos em um cenário de muita violência e é difícil levá-las para brincar em espaços públicos, mas isto é muito importante, principalmente até os sete anos de idade", aponta. Vicente Melo assinalaque os fatores gerados pelo isolamento jamais serão supridos por brinquedos, por mais caros que objetos lúdicos sejam.          

O que os números apontam sobre o tema

De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde e do Instituto Cactus, seis em cada dez professores do país avaliam que os alunos estão mais violentos desde que retornaram às aulas presenciais, após ficar por dois anos em atividades remotas por causa da pandemia. Para 97,9% dos educadores, o aumento da agressividade atrapalha o aprendizado.

O levantamento foi realizado de forma online com 5.305 educadores de todas as regiões brasileiras, entre os dias 8 e 22 de julho de 2022. Participaram profissionais da educação básica (do infantil ao ensino médio) das redes pública e privada. A pesquisa ainda mostrou que 51% dos professores nunca receberam orientação das secretarias de educação para lidar com os casos de violência nas escolas. Para os responsáveis pelo levantamento, o número mostra como a responsabilidade para lidar com a maior agressividade tem recaído apenas sobre os docentes.

Edição: Salomão de Castro

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