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Poética sobre "A Farmácia de Platão" marca atividade da Biblioterapia

Por ALECE
11/10/2019 13:47

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Poética ficou a cargo do servidor Júlio Sonsol Poética ficou a cargo do servidor Júlio Sonsol - Foto: Máximo Moura

O curso "Em Rodas de Biblioterapia", parte do programa "Entre Artes: A Arte de Viver", realizou, nesta quinta-feira (10/10), na sede da Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, o seu 42º encontro. Nesta edição, a atividade teve a "poética" (exposição) sobre a obra "A Farmácia de Platão" do escritor argelino Jacques Derrida, apresentada pelo servidor do Núcleo de Comunicação Interna, jornalista Julio Sonsol, também licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A poética foi aberta com uma breve biografia de Jacques Derrida, filósofo argelino, fillho de pais judeus franceses e filiado à escola da Filosofia da Diferença, que tem em Gilles Deleuze seu expoente mais conhecido. O foco de Derrida está no diálogo Fedro, de Platão, que apresenta, entre outros aspectos,  a cena da origem da escrita pelo mito egípcio do Deus Teuth, que teria entregue ao faraó Tamuz a escritura.

No diálogo de Platão, conforme acentuou Julio Sonsol, se desenvolve justamente no sentido de expor uma polissemia (multiplicidade de sentidos) do termo grego phármakon para nomear a escrita, que pode ser tanto um remédio ou um venero. "Os tradutores quase sempre negligenciam essa duplicidade no ato da tradução. Em outras palavras, por si mesma a palavra phármakon não constitui uma novidade, nem foi Derrida que a descobriu. O dado inovador na leitura proposta por "A Farmácia de Platão" é tornar praticamente inviável uma decisão por um dos pólos, o positivo ou o negativo", interpretou.

Vale destacar que o diálogo abordado por Derrida gira também sobre um determinado discurso feito pelo sofista Lísias, e  ouvido por Fedro, que serviu como isca para atrair Sócrates para fora dos muros de Atenas. O discurso estava escrito, mas Fedro queria tentar fazer um simulacro do orador. Sócrates, no entanto, percebeu a escritura sob a manta do seu interlocutor. O autor argelino também nomeia esta escritura de phármakon, porque, segundo ele, tudo que é escrito pode ser um remédio ou um veneno.

Múltiplas interpretações

O autor da poética também citou que para o faraó egipcio, o texto escrito não pode ser um auxílio ao verdadeiro conhecimento porque ele simplesmente parece “repetir sem saber”. O que se marca, assim, é o valor da escrita como simples representação da fala, esta sim capaz de produzir o verdadeiro conhecimento como função da memória autêntica. Tal posição, no entanto, é aprofundada por Sócrates, porque a escritura pode também remeter à verdade.

Para Derrida, no entanto, apesar de tudo estar contido na escritura, não é possível ao leitor se chegar ao verdadeiro sentido do texto, que proporciona a cada nova leitura uma nova interpretação, e percepção de traços que a leitura anterior não permitiu um acesso completo. "Sempre que se lê novamente um mesmo livro é como se fosse um novo entendimento que surge à mente", frisa.

Após a poética, a Cozinha Vintage serviu aos presentes patês inspirados na cultura gastronômica grega, condimentados com alho, cebola e azeite, próprios do mediterrâneo. Lilian Rêgo, que coordena a cozinha, juntamente com Jacqueline Assunção, explicou que o alimento servido procura fazer um diálogo com o tema abordado. Em Rodas de Biblioterapia” é coordenado por Lilian Rêgo e Jacqueline Assunção, com a supervisão do presidente da Assalce, Luís Edson Corrêa.

"Cozinha Vintage é o projeto que idealizei também para o Programa  Assalce Entre Artes, com equipe formada por Lilian Rêgo, Verônica Barreto, Camila Rêgo e por mim. E tem como escopo a memória da vovó, dialogando com a poética da Biblioterapia pois não é um lanche simplesmente. É um alimento para a alma", diz Jacqueline.

 

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