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O Brutalista chega às salas de cinema com 10 indicações ao Oscar

Por Julio Sonsol
19/02/2025 16:21 | Atualizado há 2 dias

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Adrien Brody vive o imigrante húngaro László Tóth em "O Brutalista" Adrien Brody vive o imigrante húngaro László Tóth em "O Brutalista" - Foto: Divulgação

A Estátua da Liberdade mostrada de ponta cabeça e em seguida deitada, logo num dos primeiros planos exibidos no filme “O Brutalista”, que estreia nesta quinta-feira (20/02), já indica que não será fácil a vida do protagonista migrante húngaro László Tóth (Adrien Brody). 

Renomado arquiteto de Budapeste e autor de projetos reconhecidamente geniais em seu país natal, ele busca escapar do cenário de guerra da Europa e ter uma vida mais tranquila. Porém, chegando aos Estados Unidos, cai no ostracismo e tem de se virar primeiramente como trabalhador braçal antes de ter o talento descoberto.

“O Brutalista” recebeu dez indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Brady Corbet), Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Ator Coadjuvante (Guy Pearce), Melhor Atriz Coadjuvante (Felicity Jones) e Melhor Roteiro Original. O filme também venceu o Globo de Ouro como Melhor Filme de Drama, Melhor Ator de Drama (Brody) e Melhor Diretor (Cobert).

Foto: Divulgação.

A escolha do nome do personagem na ficção não foi por acaso. Um homem também chamado László Tóth vandalizou a escultura Pietà, de Michelangelo, em 21 de maio de 1972. Na época, o geólogo australiano de origem húngara tinha 33 anos e atacou a obra instalada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, utilizando um martelo e gritando: "Eu sou Jesus Cristo ressuscitado!"

Em “O Brutalista”, o diretor Brady Corbet vincula os homônimos ao explorar temas complexos como a identidade, o tempo, a arte e a reconstrução pós-guerra. No entanto, apesar da grandiosidade visual e narrativa à qual se propõe, o filme enfrenta desafios significativos na execução, chegando a recorrer à Inteligência Artificial para suprir algumas de suas lacunas. Uma delas é a correção sotaque húngaro do ator norte-americano Adrien Brody.

No filme com 3h34min de duração, Corbet optou por fazer um intervalo de 15 minutos após 1h40min de projeção. A contagem regressiva do tempo de intervalo pode ser vista como uma escolha artística, mas que também exige o envolvimento do público. O ritmo permite uma imersão mais profunda no mundo do filme e na psique do protagonista. Também proporcional a contemplação visual e a introspecção narrativa são reforçadas pelo ritmo deliberado.

Filmado em 70mm VistaVision, “O Brutalista” evoca um senso de grandiosidade. Embora seja tecnicamente bem enquadrado e repleto de atuações poderosas, a narrativa densa pode tornar-se um obstáculo para parte do público. Ainda assim, a obra se firma como uma reflexão importante sobre os desafios da imigração e os sacrifícios necessários para alcançar o sucesso em um novo mundo.

História

A história se concentra em um arquiteto brilhante que, após sobreviver ao Holocausto, busca reconstruir sua vida na América com sua esposa Erzsébet (Felicity Jones). Tóth é recrutado pelo magnata Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), um industrialista poderoso, que enxerga em László um talento bruto a ser moldado para atender aos seus interesses.

Foto: Divulgação.

A primeira metade da história explora a chegada de László aos Estados Unidos e a tentativa dele de se adaptar a uma nova realidade. O protagonista luta para encontrar espaço para sua visão artística, enquanto tenta equilibrar as necessidades da família e as demandas do sistema capitalista americano. Esta seção estabelece o tom do filme, com um ritmo mais contemplativo, enfatizando os desafios enfrentados pelos imigrantes ao chegar a um país desconhecido.

Na segunda metade, “O Brutalista” mergulha nas consequências das escolhas de László. À medida que ele se envolve mais profundamente nos projetos de Van Buren, sua integridade começa a ser comprometida e a relação dele com Erzsébet sofre. A tensão cresce até um clímax devastador que reflete os dilemas morais e éticos enfrentados pelo protagonista.

Foto: Divulgação.

László Tóth é um personagem complexo, cuja evolução é sutil, mas profundamente sentida. Desde sua chegada ingênua aos Estados Unidos, certo que estava se aproximando do paraíso, até sua transformação em um artista. Felicity Jones, como Erzsébet, traz uma presença forte e emocionalmente carregada ao filme. Sua personagem representa a âncora emocional de László, mas também é uma mulher que busca sua própria identidade e luta contra o apagamento de seus próprios desejos em prol do marido.

Guy Pearce, como Van Buren, se destaca como o antagonista do filme. Seu personagem é uma representação do poder desenfreado e da manipulação, um homem que enxerga o talento de László como um recurso a ser explorado. Sua atuação é magnética, oscilando entre o charme e a crueldade. Além do trio principal, o elenco de apoio, incluindo Joe Alwyn e Stacy Martin, contribui para a riqueza da narrativa, tornando o universo do filme ainda mais autêntico.

Simbolismo

O filme não é apenas um drama sobre imigração e ambição. É também profundamente simbólico. O brutalismo, movimento arquitetônico caracterizado por suas formas rígidas e imponentes, funciona como uma metáfora para a jornada do protagonista. Assim como os edifícios brutalistas, László busca funcionalidade e verdade em sua arte, mas se vê forçado a comprometer sua visão para se adaptar ao mundo ao seu redor.

Outro tema recorrente é a luta entre idealismo e pragmatismo. László acredita na pureza da arte, mas precisa confrontar as realidades do mercado e do poder. O filme questiona até que ponto um artista pode permanecer fiel à sua visão sem ser corrompido pelo sistema.

 

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