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Minissérie Normal People retrata amadurecimento de jovens em constantes dúvidas

Por ALECE
16/10/2020 18:14 | Atualizado há 1 ano

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- Reprodução/ Internet

De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é 'meu bem, meu mal'

Os versos de Caetano Veloso na música Vaca Profana, que já inteira 34 anos, foram atualizados com sucesso na série irlandesa Normal People, à disposição do público no streaming Starzplay. Dividida em 12 episódios,  a produção da BBC Three é baseada no livro de mesmo nome, da escritora Sally Rooney (28), que já foi traduzido para 25 idiomas. A obra conta a história de dois adolescentes, Marianne Sheridan e Connel Wadron, que estão concluindo o ensino médio e prestes a ingressar na universidade e na idade adulta.

Aparentemente, são dois jovens bem normais, justificando o título da obra,  a exemplo de todos os amigos. Ela, Marianne, no entanto, é alvo constante de bullying dos colegas, por ser supostamente de uma família com melhores condições financeiras do que os demais, também por obter as melhores notas em sua turma, e  ter uma aparência física que não seria o padrão estético da maioria dos garotos. Connel, ao contrário de Marianne, é o aluno popular, também com boas notas, principal jogador de futebol galês do time do colégio e motivo de suspiros de grande parte das alunas.

O improvável relacionamento entre Connel e Marianne acontece. Mais por iniciativa dela do que por ele. No início da trama, o rapaz tinha recém rompido um caso afetivo. Ele só aceita o envolvimento caso haja a concordância de que ninguém além dos dois ficará sabendo. Connel teme que “ficar” com a menina impopular, possa causar prejuízos em sua imagem, principalmente diante dos amigos mais próximos. De pronto, ela aceita, tenta disfarçar o desconforto com o a relação secreta, notadamente porque ele finge indiferença total diante dela quando em público, mesmo quando Marianne é hostilizada pelo restante da turma.

Se você está pensando que é mais uma série voltada exclusivamente para o público adolescente, Normal People definitivamente não preenche essa expectativa. Sem ser panfletária, a série também mostra as diferenças sociais entre aqueles que possuem um maior poder aquisitivo e os que trabalham em funções menos valorizadas. Marianne é filha de uma procuradora de justiça, enquanto a mãe de Connel trabalha fazendo faxinas, inclusive na casa dos pais de Marianne. Em nenhum momento isso é apontado como um fator que leve ao encobrimento do relacionamento dos jovens, Mas é possível que seja. Isso mesmo, não há respostas definitivas para os nós da trama.

Entre Marianne e Connell surge um elo inegável, com uma sensação de intimidade que não sentem com nenhuma outra pessoa. Mas eles são jovens. E jovens que estão começando a experimentar a vida adulta têm a tendência de tomar algumas decisões erradas, exagerar sentimentos, não saber se comunicar direito com os que lhes são próximos.  A partir daí surgem as singularidades da relação. Perguntas são feitas e respondidas sem que haja respostas certas ou erradas. As atitudes de cada um podem ser interpretadas como erros e falta de zelo com o outro, mais por falta de maturidade e de erros de escolhas do que propriamente por desvio de caráter ou desprezo.

Os episódios são curtos, a maioria com menos de 30 minutos, mas com um desenvolvimento da história que fixa a atenção do público. Muitas das questões apresentadas são bem comuns, o que facilita a empatia com o público. Dificilmente alguém não irá se reconhecer em pelo menos uma passagem da relação entre Marianne e Connell, ou com a turma de colégio, colegas de adolescência e juventude. Bons momentos de reflexão aguardam.

JS

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