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"Marighella" chega aos cinemas com olhar dos perdedores sobre Ditadura Militar de 1964

Por ALECE
05/11/2021 18:20

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Cinema do Dragão tem sessões do filme até 10 de novembro Cinema do Dragão tem sessões do filme até 10 de novembro - Arte: Divulgação/ Cinema do Dragão

O filme "Marighella", que estreou nesta quinta-feira (04/11) em todo o País, é um dos grandes lançamentos nacionais do ano, e chega a Fortaleza em sessões diversificadas, no Cineteatro São Luiz, Cinema do Dragão e em cinemas dos principais shoppings da cidade. A expectativa, portanto, é muito intensa quanto ao desempenho que terá nas bilheterias.

A história é sempre escrita pelos vencedores. Essa máxima, de autoria do escritor britânico George Orwell, é completamente subvertida pelo filme "Marighella", dirigido por Wagner Moura e que tem o compositor, cantor e ator Seu Jorge no papel do protagonista que dá nome à produção cinematográfica. O roteiro conta os últimos anos de vida de Carlos Marighella, situando a trama após o golpe militar de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, democraticamente eleito pela população brasileira, e implantou um regime de exceção que permaneceu no poder até 1985.

É possível discutir se os métodos e os fins de Marighella são louváveis ou não.  mas não dá para  ignorar os princípios que o protagonista combatia. E, sobre essa natureza, Wagner Moura nos imerge em uma viagem inesquecível e infernal, feita de violência e tortura e entregando ao inspetor Lúcio (assombrosa composição de Bruno Gagliasso, em papel inspirado no delegado Sérgio Fleury) a tarefa "patriótica" de matar seus semelhantes.

Quando um deles, depois de longamente torturado, ainda grita "vocês estão matando um brasileiro!", percebemos melhor como as ditaduras são esse estado de guerra civil  permanente em que compatriotas são vistos como sub-gente a eliminar. O primeiro mérito político de "Marighella" está em lembrar-nos essa verdade, sobretudo no contexto em que o Brasil vive, com diversas semelhanças em relação ao cenário do País em 1964 no que se refere a comportamentos políticos.

O filme é um retrato importante e impiedoso sobre os 21 anos de ditadura militar no Brasil. Só por isso já merece ser visto. Não foram só as armas que derrubaram o regime. "Marighella" mostra que houve todo um trabalho de alienação protagonizado principalmente pelos meios de comunicação e também pelas instituições civis.

Mesmo que fosse uma obra totalmente ficcional, Marighella seria grandioso pelo roteiro bem construído, pela excelente atuação do elenco e pelo resgate histórico de uma época em que as pessoas eram totalmente cerceadas em seu direito de livre manifestação.

Sobre Carlos Marighella

O protagonista nasceu em Salvador (BA), em 5 de dezembro de 1911, filho de uma baiana e um imigrante italiano. Alfabetizado desde cedo, teve grande destaque nas instituições de ensino pelas quais passou, abandonou o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia em 1934 para se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro com a ocupação de militante profissional do partido. A partir deste momento, engatou na carreira política com afinco, sofrendo pela opressão ideológica desde antes da Ditadura Militar.

Após ser preso, torturado e solto pela ditadura do governo Getúlio Vargas, foi eleito deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946. Depois, foi à China para estudar a revolução comunista chinesa. Quando a Ditadura Militar começou em 1964, ele foi preso e torturado em um cinema no Rio — situação decisiva para que optasse pela luta armada no combate ao regime militar.

Curiosamente, Marighella é outro papel histórico vivido por Seu Jorge. O primeiro foi o de Mané Galinha, no hoje considerado clássico "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles, que concorreu ao Globo de Ouro e teve quatro indicações ao Oscar, dentre outros prêmios. O papel, porém, tinha menos destaque na trama, diferentemente do momento atual, em que o ator abraça a trajetória de um nome político importante para que compreendamos o Brasil de hoje e de ontem.

Serviço: "Marighella". Direção: Wagner Moura. Até o dia 19 de novembro, o filme terá sessões variadas no Cineteatro São Luiz,  com ingressos de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Todas as exibições contarão com acessibilidade em Libras e Audiodescrição.

O filme também está sendo exibido no Cinema do Dragão do Mar, com sessões às 19h15min até o dia 10 de novembro.

O longa-metragem dirigido por Wagner Moura está em cartaz ainda no Cinépolis do Shopping Center Rio Mar (18h e 21h), UCI Kinoplex Iguatemi Fortaleza (14h30min, 17h40min e 20h50min), UCI Cinemas Parangaba (13h10min e 18h35min), Centerplex Via Sul (20h45min) e Centerplex Grand Messejana (17h15min).

JS/SC

 

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