"Machuca" revela violência na implantação da ditadura no Chile
Por ALECE29/10/2021 17:21
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A plataforma Netflix é responsável por resgatar alguns filmes que normalmente passariam despercebidos pelo grande público. Um deles é “Machuca” (Chile), de 2005. Na trama, Pedro Machuca é o personagem que empresta o nome ao título. Mas o protagonista da história é Gonzalo Infante, um pré-adolescente que vive em Santiago, capital chilena, com seus pais, e estuda no colégio católico Saint Patrick, dirigido pelo padre norteamericano McEnroe.
Estimulado pela gestão social-democrata de Salvador Allende à frente do governo do país, McEnroe abre as portas da instituição de ensino para os jovens moradores de favela aos arredores da capital.
Até então apontada como uma escola voltada apenas para os filhos da elite econômica e consagrada como a melhor do país, a direção da Saint Patrick começa a sofrer resistência por parte dos pais dos alunos que pagavam altas prestações. Eles não queriam ver seus herdeiros convivendo com outras crianças, que, segundo suas opiniões, não teriam educação suficientemente fina para ocupar os mesmos espaços.
Na época, o Chile vivia grandes mudanças políticas e sociais, a começar pela escolha de um presidente mais preocupado com causas sociais. Salvador Allende era visto como um perigo não apenas pela classe dominante do país como também pelo principal inimigo do bloco chamado de "cortina de ferro", os Estados Unidos.
Sobre a produção
Um destes filhos da classe média alta aluno do Saint Patrick era o cineasta Andrés Wood, diretor de “Machuca”, apontado como o maior sucesso do cinema chileno, até então e escolhido pelo país para tentar uma vaga no Oscar de 2005. De forma semi-autobiográfica, Wood cria o narrador Gonzalo Infante (Matias Quer), Pedro Machuca (Ariel Mateluna), e ainda restaura o Chile às vésperas do golpe de 11 de setembro de 1973, que derrubou Allende e instaurou o regime militar de quase duas décadas em que o general Augusto Pinochet comandou o país de forma ditatorial.
A chegada de Machuca e outros meninos ao colégio era vista por seus pais como um absurdo comunista. Isso mudou a vida de Gonzalo. A improvável amizade entre os dois é usada para levar a descobertas. Junto com Gonzalo, o público descobre o mundo das favelas de Santiago em que vivia Machuca, um local com barracos de madeira, esgoto a céu aberto e miséria. Ao lado do personagem-título, há a pujança dos bairros ricos, dos aparelhos de TV, dos tênis importados e dos gibis.
Machuca, além da discriminação que sofre na escola, tem de ajudar um tio e vizinho que passa as tardes vendendo cigarros e banderinhas nas passeatas, que abundavam o país naquele momento. Era indiferente se a manifestação era contra ou a favor de Allende. O importante era assegurar o dinheiro do fim do dia. Eles gritavam palavras de ordem direitistas contra o governo Allende e também contra o imperialismo nas passeatas esquerdistas.
A escolha de contar a história pelos olhos de meninos inicialmente inocentes na política dá ao diretor a liberdade de mostrar os dois mundos sem preconceitos ou julgamentos. Como se percebe ao longo do filme, eles pouco podiam fazer para mudar o país naquele momento.
O filme mostra que a queda do governo Allende teve conseqüências no mínimo tão grandes quanto as quedas das duas torres gêmeas de Nova Iorque (Estados Unidos), em outro 11 de setembro, o de 2001.
Serviço: “Machuca” pode ser visto na plataforma Netflix.
JS
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