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Lei dá nome de Frei Tito a rua na cidade de São Paulo

Por ALECE
27/08/2021 14:31

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Frei Tito de Alencar teve trajetória retratada em livro e filme Frei Tito de Alencar teve trajetória retratada em livro e filme - Foto: Brasil de Fato/ Reprodução

Após oito anos de tramitação, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, nesta quarta-feira (25/08), o projeto de lei 243, de abril de 2013, que nomeia de Rua Frei Tito a atual Rua Doutor Sérgio Fleury, na Vila Leopoldina, na zona oeste da megalópole. O religioso é cearense e participou do movimento de resistência à ditadura militar, instaurada no país em 1964.

Frei Tito de Alencar é também o nome de batismo do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular, órgão permanente da Assembleia Legislativa do Ceará, que tem como objetivo prestar assessoria jurídica popular, judicial e extrajudicial, às comunidades vulnerabilizadas, aos grupos, coletivos, movimentos e indivíduos em casos emblemáticos de violações de direitos humanos.

A proposta aprovada pela Câmara da capital paulista é de coautoria do deputado federal e ex-vereador Orlando Silva (PCdoB), dos vereadores Arselino Tatto (PT), Antonio Donato (PT), Alfredinho (PT), Juliana Cardoso (PT) e Professor Toninho Vespoli (PSOL), e dos ex-vereadores Reis (PT) e Jamil Murad (PCdoB). A nova denominação substitui o antigo nome Sérgio Fleury, conhecido torturador no período ditatorial.

Relevância da homenagem

O coordenador do Escritório Frei Tito, advogado Miguel Rodrigues, ressalta que como defensores de direitos humanos e advogados que trabalham nesta área, a mudança da denominação da rua paulistana é muito importante. "O ato traz um simbolismo da reparação histórica e da memória do religioso fortalezense. Retirar o nome de um torturador para colocar o nome da vítima dessa tortura é um símbolo no sentido de dizer para a sociedade que não esquecemos desse período", pontua.

Ele salienta ainda que a reparação histórica é também uma indicação de que a democracia continua viva no país. "Frei Tito de Alencar continua sendo um símbolo de em defesa dos direitos humanos, das instituições democráticas e da liberdade. Isso é um recado para que a gente, em vez de simplesmente apagar o nosso passado, lembremos do que passou e reflitamos para que não voltemos a uma época tão dolorosa que esteve diante de nós", pontua.

“A alteração da denominação é um ato de grande representatividade, já que visa reparar historicamente uma homenagem que considero totalmente equivocada ao delegado Dr. Sérgio Paranhos Fleury, personagem que nenhum orgulho traz à cidade de São Paulo e que, inclusive, contribuiu para as crueldades cometidas contra Frei Tito”, afirmou o vereador Arselino Tatto. “A aprovação do projeto que o homenageia é uma vitória contra a violação dos direitos humanos e em memória a todos que perderam suas vidas na luta contra o regime político ditatorial”, afirmou o coautor da lei aprovada.

Biografia

O frei dominicano Tito de Alencar Lima, nascido em Fortaleza, em 1945 e falecido em 1974, que agora será homenageado no bairro paulistano Vila Leopoldina, foi um dos precursores da Teologia da Libertação no Brasil, onde parte da Igreja, impulsionada pelo Concílio Vaticano II, alinhou sua luta com as lutas sociais em prol da vida da população mais pobre.

Militante do movimento estudantil, Tito participou de várias manifestações contra a ditadura de 1964 e, mesmo após o exílio, dedicou sua vida a denunciar as crueldades que pairavam pelo Brasil naquela época.

Preso por Fleury e torturado pela “equipe” de carrascos orientados pelo delegado, que também era admirador do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, Tito teria recebido choques elétricos na língua. Os torturadores, por deboche, diziam que aquilo era a "hóstia sagrada", chamavam de "comunhão". Frei Tito foi encontrado enforcado no dia 10 de agosto de 1974, aos 29 anos de idade, durante seu exílio na França.

Saiba mais

A vida de frei Tito é retratada no filme "Batismo de Sangue" (2007), dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton, vencedor dos prêmios de melhor diretor e melhor fotografia no Festival de Brasília. O filme é baseado no livro homônimo de Frei Betto que foi lançado originalmente no ano de 1983, e vencedor do prêmio Jabuti.

JS/SC

 

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