Grandes Debates estreia com foco na luta da mulher nos contextos social e histórico
Por ALECE31/03/2021 07:58 | Atualizado há 2 anos
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O mês de Março, dedicado à Mulher, contou com uma novidade na programação da TV Assembleia. O programa Grandes Debates – Parlamento Protagonista estreou na programação da emissora (canal 31.1) e da Rádio FM Assembleia (96,7MHz) nesta terça-feira (30/03), com debate sobre as formas de resistência às opressões, os avanços e entraves nas lutas das mulheres no contexto social e histórico, analisando também o conceito de interseccionalidade por meio dos eixos de classe, raça e gênero.
O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT), destacou o tema do programa de estreia, apontando a necessidade de haver “uma mudança de cultura urgente na nossa sociedade que ainda é fortemente patriarcal e machista. Quero me aliar a essa luta que deve ser ampla e coletiva”, comentou.
Para o parlamentar, o projeto Grandes Debates pretende conectar pessoas e trazer diversidade de ideias com assuntos pautados no respeito aos valores democráticos e aos direitos humanos. Segundo o presidente do Poder Legislativo, o programa oferece informações confiáveis e de qualidade para a população em geral e também para os legisladores, que precisam ficar atentos aos temas para sugerir políticas públicas eficazes.
O deputado Tin Gomes (PDT), presidente do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da AL, destacou que o projeto enriquece o papel da AL como mediadora de importantes debates para a sociedade. Ele apontou ainda que o programa presta um serviço público à população ao democratizar o conhecimento a partir de convidados especialistas nos assuntos.
Estruturas opressoras
Conforme a pesquisadora e doutoranda em estudos feministas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Carla Akotirene, há um sistema fundamentado em três estruturas – racismo, capitalismo e patriarcado – que se utilizam da discriminação racial, da exploração de classe e do machismo para cumprir seus efeitos na sociedade. Segundo ela, essas estruturas não podem ser vistas de forma isolada, uma vez que uma alimenta as ideologias da outra.
“Como a maioria de nós tende a se filiar a apenas uma marcação social, a gente acaba fortalecendo as outras estruturas. Por isso é tão desafiador, para nós, combatermos o machismo, porque é comum o movimento feminista lutar contra o patriarcado, mas de costas para o movimento feminista negro ou antirracista, de forma que acaba fortalecendo a mesma estrutura de dominação patriarcal e, portanto, o mesmo discurso machista”, assinalou.
A assessora especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Ceará, Zelma Madeira, pontuou a necessidade de implementar políticas públicas de combate ao racismo, bem como políticas de ações afirmativas. “Por que há um grito contrário às políticas de ação afirmativas? Porque vão mexer com a estrutura. Não é só dizer ‘negro é lindo’, ‘100% negro’. Se for desse jeito aí dá certo, mas se for para mexer na estrutura para ocupação de lugares, aí a coisa pega”, salientou.
Zelma mencionou a recente sanção da lei que determina cotas para candidatos negros em concursos públicos no Ceará como uma política de ação afirmativa necessária pelo nosso passado de desvantagem de ter saído de uma “abolição inconclusa”. “A população negra não sai da escravidão como classe trabalhadora, sai como classe criminosa. No dia 14 de maio, a nossa preocupação não era com política de reparação pelo passado criminoso de quase 400 anos de trabalho compulsório, mas de pacote anticrime, de como nós vamos criminalizar a conduta desse monte de negros e negras soltos”, criticou.
Para a integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras e do Fórum Cearense de Mulheres, Beth Ferreira, o Estado não tem avançado o bastante nas políticas de enfrentamento e prevenção de feminicídios, que têm crescido durante o período de isolamento social resultante das medidas sanitárias impostas pela pandemia da Covid-19. Contudo, ela apontou como grande avanço da luta feminista a organização política das mulheres para garantia de direitos.
“Essa organização política fez com que a gente avançasse em alguns direitos, no entanto, ela esbarra numa dimensão do estado que não garante políticas públicas efetivas que previnam a violência. A gente tem um contra-ataque do setor conservador, seja ocupando cargos de poder, seja no setor legislativo, impondo leis que querem impedir a discussão de gênero, sobre violência, diversidade e racismo na escola. Como a gente vai transformar a sociedade se na escola a gente não discute esses temas?”, questionou.
Mediado pelo jornalista Ruy Lima e coordenado pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da AL, o programa Grandes Debates – Parlamento Protagonista será mensal e promoverá o debate de temas atuais e relevantes por especialistas diversos.
Da Agência de Notícias da AL
Núcleo de Comunicação Interna da AL
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