Gambito da Rainha rompe o universo masculino do xadrez
Por ALECE05/11/2020 15:33
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Se alguns personagens da ficção fossem reais, iriam fazer muito bem para a história da Humanidade. Um desses é Beth Harmon, protagonista da série "O Gambito da Rainha", que conta a história da ascensão de um jovem fenômeno do xadrez ao topo. Encarnada pela atriz Anya Taylor-Joy, a personagem é uma órfã pobre que aprende sobre o jogo com o zelador de seu orfanato, o Sr. Shaibel, vivido pelo ator Bill Camp. Genial e determinada, ela vive traumas e por isso adota também alguns comportamentos autodestrutivos, como uso excessivo de álcool e substâncias psicoativas.
Apesar das dificuldades, Beth se torna uma famosa estrela internacional do xadrez. Seu perfil é publicado pela revista “Time”, transportada para todo o mundo e celebrada por fãs de xadrez em todos os lugares. Ambientado nas décadas de 1950 e 1960, The Queen’s Gambit (título original) segue a ascensão meteórica de Elizabeth Harmon. Forçada a viver em um orfanato em Kentucky após a morte de sua mãe, de gênio problemático, Beth logo encontra duas saídas para sua dor: xadrez e tranquilizantes.
Juntos, eles oferecem a ela uma fuga da realidade e os meios para sair de seu estado de empobrecimento. Com a ajuda de seu mentor original, o Sr. Shaibel, e sua mãe adotiva Alma (Marielle Heller), Beth entra em uma série de torneios de xadrez. Depois de derrotar jogadores masculinos estabelecidos, Beth se torna uma espécie de fascínio para as pessoas que seguem o jogo. Eventualmente, ela chega ao nível internacional, mas não sem se sentir oprimida por seus vícios.
Sobre a série
The Queen’s Gambit, da Netflix, é uma adaptação do romance homônimo de Walter Tevis. Embora o livro tenha sido universalmente elogiado por seu retrato preciso do xadrez, é uma história totalmente original, portanto ficcional. No entanto, sempre houve prodígios do xadrez que chamaram a atenção do público. Bobby Fischer, Anatoly Karpov e mais recentemente Gary Kasparov foram famosos grandes mestres que inspiraram o trabalho de Tevis.
Aqueles que têm alguma intimidade, mesmo que pequena, com o xadrez, encontrarão mais facilidade em perceber a grandiosidade da trama. Porém, não se trata de uma série hermética para quem não conhece o jogo. É verdadeiramente uma guerra: em posições opostas de um tabuleiro de 64 casas, dois exércitos se enfrentam em uma batalha feroz de raciocínios e estratégias, na qual cada general (jogador) tenta ao mesmo tempo antecipar os movimentos do adversário e surpreendê-lo com suas próprias decisões, num cálculo de probabilidades que chega à casa dos bilhões a cada lance.
Quando travada entre as grandes mentes do jogo, a disputa não deixa espaço para a sorte — só a resistência física e psicológica, a agudeza para detectar fraquezas e a superioridade intelectual podem levar à vitória. E eis aí uma das belezas do enxadrismo, da qual O Gambito da Rainha muito se aproveita: as derrotas vêm acompanhadas não só dos sentimentos naturalmente provocados por elas, mas também da admiração, seja ela relutante ou generosa, pelo antagonista. Assistir essa minissérie é uma experiência sem volta, já que não há possíbilidade de uma segunda temporada.
JS
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