ASSALCE

"Empoderadas - mulheres eternas, corpo a corpo com a vida" é tema do curso Em Rodas de Biblioterapia

Por ALECE
17/05/2019 13:47

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Participantes durante a atividade realizada nesta quinta-feira (16/05) Participantes durante a atividade realizada nesta quinta-feira (16/05) - Foto: Júlio Sonsol/ Núcleo de Comunicação Interna da AL-CE

O curso Em Rodas de Biblioterapia, parte do programa Assalce Entre Artes: A Arte de Viver, realizou, nesta quinta-feira (16/05), na sede da biblioteca César  Cals, o 33º encontro desde a criação da atividade. Nesta edição, a poética (exposição) abordou o livro "Empoderadas - mulheres eternas corpo a corpo com a vida”, de Palmério Dória. Coube a sete participantes do curso a tarefa de se dividir em apresentações sobre personalidades femininas abordadas na obra.

As "poéticas" foram de Albeni Aguiar (Marielle Franco), Daniele Nascimento (Cecília Meireles), Erliene Vale (Zilda Arns), Helena Moura (Josephine Baker), Verônica Barreto (Leila Diniz), Maria Fernanda Sales (Maria da Penha) e Lilian Rego (Maria Bonita).

Cada expositora teve cinco minutos, para fazer uma breve apresentação da personalidade escolhida, dentro da obra de Palmério Dória. Todas destacaram a importância de cada dessas mulheres no processo de emancipação feminina e suas contribuições para a sociedade.

Sobre as exposições

Lilian  Rego, que coordena o "Em Rodas de de Biblioterapia", ao lado de Jacqueline Assunção, e também mediou o encontro, explicou que a obra escolhida está relacionada com o fortalecimento da figura feminina na sociedade. "Quando esse livro foi lançado, achamos por bem incluí-lo na nossa estante. Posteriormente, deveremos fazer novas apresentações do curso abordando o mesmo tema", revelou. Ela expôs sobre Maria Bonita, que, segundo afirmou, foi a primeira mulher a integrar o cangaço voluntariamente, a convite de Lampião.

Daniele Nascimento, que expôs o capítulo sobre Cecília Meireles trouxe peculiaridades sobre a vida da escritora, notadamente no campo da educação. "Mostramos a importância que ela teve na literatura e também como mulher na frente da luta pela educação de qualidade e os seus maravilhosos feitos na poesia", afirmou.

Helena Moura abordou a vida da cantora norte-americana Josephine Baker, que foi filha de uma lavadeira e pai desconhecido, mas que por sua luta e talento chegou a ser reconhecida como uma das melhores cantoras de sua época, sendo a primeira grande estrela negra nos anos 20. A apresentadora também destacou a bissexualidade da personalidade, demonstrando que  Josephine conseguiu o seu espaço, apesar dos preconceitos da época.

Albeni Aguiar, que incumbiu-se de falar sobre Marielle Franco, vereadora pelo Rio de Janeiro assassinada no ano passado, mostrando que a origem pobre da política não a impediu de ter formação e mestrado em Sociologia, ocupando cargo de assessora do então deputado estadual Marcelo Freixo, e em seguida elegendo-se a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro. "Seu passado combativo, em defesa dos mais pobres, de sua comunidade, favela da Maré, é apontada como possível causa de seu assassinato. Ela criticava as mortes causadas pela intervenção federal nos bairros pobres", advertiu Albeni. Ela também destacou a bissexualidade da personalidade, que tinha um casamento com a arquiteta Mônica Benício.

Erliene Alves trouxe para a Roda a personalidade da médica Zilda Arns, irmã do cardeal Paulo Evaristo Arns, que se dedicou durante toda a vida a ações sociais pelos mais pobres. "Formada em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, em 1959, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando a salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Ela não aceitava pessoas morrerem por doenças curáveis como diarreia", destacou.

Maria Fernandes Sales revelou que conheceu Maria da Penha quando ela procurou o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, em defesa de sua causa. "Ela sofreu duas tentativas de assassinato pelo próprio marido. E graças a sua luta, não por justiça pessoal, mas por todas as mulheres vítimas de seus parceiros, a legislação foi aperfeiçoada e reconhecido o feminicídio e outras violências domésticas", pontuou.

Coube a Verônica Barreto apresentar Leila Diniz, "uma mulher a frente do seu tempo". Segundo a expositora da poética, ela era natural de Niterói, e sempre teve autonomia para agir e falar tudo o que pensa. "Foi pioneira em usar biquíni durante a gravidez, porque o médico aconselhou-a a tomar banho de sol na gestação", afirmou. Verônica assinalou ainda que graças a uma entrevista concedida por Leila ao extinto jornal Pasquim,  recheada de "palavrões", a Ditadura Militar, em janeiro de 1970, instituiu a censura prévia nos veículos de comunicação, a chamada lei Leila Diniz. Na entrevista foram contabilizadas 71 palavras consideradas de baixo calão.

Troca de experiências

Conforme explicou a idealizadora do projeto, Jacqueline Assunção, o mais importante dos encontros são as experiências que os participantes desenvolvem com a leitura dos livros. “É uma terapia  a partir das obras abordadas. Por isso, falamos de poética e não de exposição do facilitador”, afirmou.

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