Notícia

Dia Nacional da Libras: Alece promove inclusão com equipe qualificada de servidores

Por Paulo Veras
24/04/2025 10:00 | Atualizado há 16 horas

Compartilhe esta notícia:

Equipe de Libras da Alece contribui com o Parlamento e a sociedade cearense Equipe de Libras da Alece contribui com o Parlamento e a sociedade cearense - Arte do Núcleo de Publicidade da Alece com foto de Érika Fonseca

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) tem realizado um esforço contínuo para a construção de acessibilidade para a comunidade surda. Um dos expoentes desta diretriz é o trabalho do setor de Libras, um caminho que começou a ser trilhado em 2007 com a inclusão de uma janela de Libras nas transmissões da Alece TV, naquela época, TV Assembleia.

Neste dia 24 de abril, data consagrada como Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a Alece destaca mais uma iniciativa importante: a identificação de sinais próprios dos deputados e deputadas estaduais nos meios de comunicação da Casa. A realização é da equipe de Libras da Alece e reforça o compromisso da Casa com a acessibilidade.

A coordenadora do setor de Libras, Sara de Mateus, ressalta que “a inclusão e a acessibilidade são direitos fundamentais e promovê-los é um dever dos poderes instituídos – e o Poder Legislativo deve ser o primeiro a ouvir e atender aos interesses do povo”. 

Para Sara, que tem 27 anos, é graduada em Letras e estudante de Direito, o principal foco é a expansão do trabalho. Ela estuda Libras desde os 15 anos. “Fiz um curso técnico, depois me formei no bacharelado de Libras. Daí fui dar aula em uma escola bilíngue da Prefeitura de Fortaleza e em seguida vim pra Alece”, detalha.

Foto: Érika Fonseca

“No início fazíamos as sessões no Plenário, depois passamos para programas culturais e esportivos da grade da TV e também eventos ao vivo”, contou. Ela afirma que o desafio é aumentar o alcance.

Além de contribuírem com os conteúdos transmitidos pela Alece TV e plataformas digitais, com foco prioritário nas sessões plenárias e sessões solenes, a equipe também grava programas da grade da TV e demandas presenciais que podem ser agendadas diretamente com a coordenação e reforçam o compromisso do Poder Legislativo estadual com a acessibilidade em tempo real, em eventos e audiências públicas, por exemplo.

“Precisamos ter intérpretes nos diversos serviços ofertados pela Alece, como o Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil (Ciadi) ou a Casa do Cidadão porque, além de dar acessibilidade aos surdos, eles são divulgadores do trabalho, o que ajuda na proliferação da prática inclusiva”, salientou.

Sara destacou o compromisso da equipe, formada por ela e mais seis intérpretes que se revezam nas demandas das 8h às 20 horas. A coordenadora compartilha ser desafiador gerir o grupo e, ao mesmo tempo, ser intérprete nos eventos e ratifica que o trabalho só é possível pela integração de todos. “Somos um grupo de amigos plenamente dedicado ao que fazemos”, enfatizou.

Como tudo começou

A intérprete de Libras Andrea Michiles integrou o primeiro time que realizou tradução e interpretação de Libras na Alece TV. Na época, em 2007, o trabalho foi possível por meio de uma parceria entre a Alece e a Associação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores de Libras do Ceará (Apilce).

Janela de Libras na programação da Alece TV em 2009. Reprodução arquivo Alece TV. 

Segundo Andrea, no início era apenas ela e o professor Hernando Pinheiro, já falecido, revezando na janela de tradução. “Após um tempo, tanto eu quanto o professor passamos em concursos e outras pessoas entraram. Sei que hoje existe uma equipe bem maior. É um orgulho ter feito parte da construção deste projeto tão importante para a comunidade surda”, compartilha.

Desde então, a atuação foi ampliada, consolidando-se como referência entre os parlamentos brasileiros.

Equipe que promove inclusão e cidadania

Eles estão presentes em diversos momentos da Alece TV, no canto inferior direito da tela, comunicando, interpretando, promovendo inclusão e cidadania. Também podem ser vistos nos diversos eventos da Alece, contribuindo para que as informações sejam acessíveis. Um time de sete servidores que fazem a diferença. 

Além de Sara de Mateus, coordenadora do setor, a equipe de intérpretes de Libras da Alece é formado por Wesley Marques, Wiliana Almeida, Felipe Soares, Randson Gomes, Luma Vitória e Mateus Siqueira. A coordenadora reafirma que sem a disposição da equipe de conquistar os mesmos objetivos o trabalho seria impossível.

Com 25 anos de idade, Wesley Marques entrou na Alece em 2024. Ele acredita que a questão da linguagem dos sinais passou a ser ainda mais observada a partir da pandemia de Covid-19. “Foram muitas lives porque ninguém podia sair de casa. Com isso nosso trabalho passou a ser visto por muito mais gente”, avaliou.

Foto: Érika Fonseca

Wesley comenta como o trabalho feito na Alece contribui para a acessibilidade e diz que a pessoa surda é um sujeito, um cidadão da sociedade, como todos nós. “A única diferença é a particularidade da língua. Ele tem a língua de sinais, a Libras como sua língua, é o idioma dele. Então, a sociedade tem que garantir o acesso dele, sobretudo ao plenário onde são discutidas questões sobre a sociedade, sobre os direitos do cidadão”.

A intérprete Wiliana Almeida, 33 anos e há 5 na Alece, falou que sempre admirou a postura dos que trabalham com Libras e que sempre quis fazer parte deste universo. “Considero um verdadeiro privilégio integrar a equipe de tradutores e intérpretes da Alece, uma instituição que tem buscado cada vez mais ampliar a acessibilidade e garantir o direito à informação para a comunidade surda”, comentou.

Foto: Érika Fonseca

Wiliana faz questão de citar a relevância social do trabalho dos intérpretes de Libras e diz crescer como profissional e como pessoa ao compreender mais profundamente a importância do papel da profissão na promoção da inclusão. “Mas ainda existem desafios a serem vencidos, dentre eles um maior reconhecimento ao papel que desempenhamos”, avaliou.

Felipe Soares trabalha como intérprete de Libras há três anos e está desde 2023 na Alece. Ele diz que começou a se interessar pela linguagem de sinais no curso de formação técnica na Escola Estadual de Educação Profissional Joaquim Nogueira.

Foto: Érika Fonseca

“Somos uma equipe unida e sensível uns aos outros. Isso ajuda no ambiente de trabalho”, avalia. Felipe reflete que a profissão exige recorrente adequação linguística e isso exige permanente aprendizagem.

A linguagem de Libras está na vida de Randson Gomes há 12 anos. Trabalhando na Alece desde 2019, o intérprete fala da responsabilidade que é levar a palavra dos parlamentares ao conhecimento da comunidade surda. “Ser um tradutor, intérprete de Libras, e levar uma informação que outrora era uma informação desconhecida para aquele público, traz essa honra e é muito dignificante”, pontuou.

Foto: Érika Fonseca

Aos 37 anos, Randson explica que começou a interagir com a comunidade surda por meio de um trabalho de evangelização da igreja que frequentava. “Já não pertenço mais a essa igreja, mas foi lá que tudo começou. Meus amigos diziam pra eu trabalhar com a linguagem porque eu era muito bom”, relembra.

Luma Vitória é a caçula entre todos da equipe. Com apenas 23 anos, a intérprete diz que já convive no universo da Libras desde o ensino médio. Formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2024, Luma está na Alece há um ano e cinco meses.

Foto: Érika Fonseca

“Eu entrei neste mundo meio de paraquedas e hoje sou completamente apaixonada. A comunidade gosta de ver pessoas interessadas em aprender a linguagem deles, isso os integra”, explica. Sobre o trabalho na Alece Luma afirma que acha muito importante a diversidade de temas que o setor vem atuando, traduzindo não só o dia a dia político, mas tudo que ocorre na Casa.

Mateus Siqueira afirma que não escolheu trabalhar com Libras, mas foi a linguagem de sinais que o escolheu. Aos 24 anos, com dois de serviços na Alece, o intérprete lembra que quase se inscreveu no curso técnico de hospedagem. “Ainda bem que estava fechado. As opções eram Informática e Libras e eu optei pela Libras”, relembra.

Foto: Érika Fonseca

O intérprete diz ser muito especial fazer parte da equipe de tradutores da Alece. “Além da gente contribuir tornando toda a informação acessível para a comunidade surda, temos a oportunidade de dar visibilidade para a nossa profissão”, assevera.

Saiba mais

O dia 24 de abril foi escolhido como o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em homenagem à data em que a Lei 10.436/2002 foi sancionada.

Esta Lei dispõe sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão para a comunidade surda. A legislação também garantiu atendimento e tratamento adequados às pessoas surdas em instituições públicas no país.

 

  • Confira vídeo com os sinais em Libras dos parlamentares da Mesa Diretora:

 

Edição: Samaisa dos Anjos

Núcleo de Comunicação Interna da Alece

Email: comunicacaointerna@al.ce.gov.br

Página: https://portaldoservidor.al.ce.gov.br/

Veja também