Debate sobre biodiversidade e pandemia abre Semana do Meio Ambiente na AL
Por ALECE05/06/2020 22:45 | Atualizado há 1 ano
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A “Biodiversidade em tempos de pandemia” foi abordada em palestra na abertura da Semana do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Ceará, pela jornalista Maristela Crispim, realizada na tarde desta sexta-feira (05/06) e transmitida pela TV Assembleia e FM Assembleia. De iniciativa da Célula da Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) da AL, o evento virtual segue com programação até o dia 12 de junho.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da AL, deputado Acrisio Sena (PT), destacou a importância de trazer debates sobre meio ambiente ao Parlamento cearense e trouxe algumas reflexões levantadas no debate do qual participou pela manhã, promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), sobre educação ambiental no contexto da pandemia e pós-pandemia.
“O professor Marcos Sorrentino trabalhou o eixo pensar, pensar pós-pandemia no universo do indivíduo e do coletivo; o dialogar, com perspectiva crítica, e crítica à política implementada pelo Governo Federal, que é uma política voraz contra a pauta ambiental; mas o que mais me chamou atenção foi a questão do resistir: a resistência do mundo todo ao defender essa pauta ambiental e a necessidade de potencializar a rebeldia”, ressaltou.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno, lembrou que Charles Darwin afirmou, em seu livro “A origem das espécies”, que não são os mais fortes nem os mais inteligentes que vão sobreviver, mas sim os que melhor se adaptarem às mudanças. “A natureza está a exigir nossa mudança, e nós é que temos que mudar para se adaptar à natureza”, frisou. O titular da pasta salientou ainda que o Brasil é o país com maior biodiversidade do mundo, tendo sido sede, por duas vezes, de conferências internacionais sobre o meio ambiente.
A engenheira ambiental e orientadora da Célula A3P da AL, Carla Morgana Tavares, reiterou que a programação online só engrandece o evento. “Tivemos a oportunidade, pela primeira vez, de conseguir atingir novos públicos. E a gente diminuiu a nossa pegada ambiental reduzindo inclusive o material gerado, e os nossos resíduos”, ressaltou. Ela anunciou o lançamento hoje do concurso de vídeo com o tema "Sustentabilidade em casa: um minuto que pode salvar o mundo". Os vídeos devem conter exemplos de práticas sustentáveis durante o período de isolamento social no estado do Ceará. O regulamento está no portal oficial da AL.
Já o deputado Renato Roseno (Psol) chamou atenção para o fato de que todos os cientistas afirmam que essa pandemia, dentre outros fatores, é fruto do desequilíbrio ambiental. “Pelo menos 200 vírus que contaminavam outras espécies acabaram migrando para os seres humanos. Isso é atribuído ao desequilíbrio ecológico, desmatamento, agigantamento das cidades e ausência de saneamento básico”, apontou. O parlamentar também criticou a “política ecocida” do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e ressaltou a necessidade de se falar sobre reconversão produtiva e redução de resíduos sólidos.
Para o deputado Marcos Sobreira (PDT), presidente da Comissão de Cultura e Esportes da AL, a pandemia trouxe reflexões sobre diversos aspectos do meio ambiente. “Podemos ver, em diversos locais do nosso país, que a poluição do ar diminuiu e que a qualidade de vida na cidade aumentou. Que possamos ter essa atenção maior e ver o quanto o meio ambiente reagiu nesses dois meses e meio que estamos em isolamento”, refletiu.
O presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp) da AL, João Milton Cunha, enfatizou que o Inesp está engajado na agenda ambiental com a produção de livros no formato digital. “É importante em termos de racionalização dos recursos públicos, sustentabilidade e novos horizontes para publicações futuras”, pontuou.
Biodiversidade e pandemia
A jornalista Maristela Crispim, editora da Agência Eco Nordeste e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, afirmou que este período de pandemia, isolamento social, retração econômica pode ser um momento de oportunidade para repensar, rever e agir por mudança nas ações e nos modelos produtivos.
Segundo ela, todos precisam assumir sua responsabilidade, seja repensando as atitudes individuais de consumo e descarte, seja a mudança nas formas de produção por parte das empresas e o diálogo dos setores e poder público em busca de novos modelos de desenvolvimento.
Maristela Crispim apontou ainda que as pandemias têm relação com desequilíbrios ecológicos causados pela ação humana e, por isso, é ainda mais importante esse momento de transição para melhorarmos as práticas enquanto sociedade.
De acordo com a jornalista, inúmeros estudos vêm sendo divulgados no mundo sobre a oportunidade de acelerar a transição para uma economia mais sustentável neste contexto de crise da Covid-19. Para ela, o Brasil, que tem uma grande riqueza na biodiversidade e nos saberes das comunidades tradicionais, teria potencial para ser vanguarda nessa transição.
No entanto, ressaltou Maristela, a imagem brasileira no exterior está abalada e estudos divulgados pelo Observatório do Clima recentemente apresentaram estimativa de alta de 10 a 20% nas emissões brasileiras por causa do desmatamento. “Não podemos deixar de ser vigilantes”, comentou, destacando ainda a atuação do jornalismo ambiental e independente.
A semana do meio ambiente prossegue no dia 09/06 às 16h, com palestra sobre “O valor da conservação da biodiversidade frente à economia, saúde e gestão pública”, na plataforma Zoom; e dia 12/06, às 16h com o Painel “A interferência humana na biodiversidade na origem das pandemias”.
Da Agência de Notícias da AL
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