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Conheça Mank para além de “Cidadão Kane”

Por ALECE
11/12/2020 12:36

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Gary Oldman interpreta o personagem-título do filme de David Fincher Gary Oldman interpreta o personagem-título do filme de David Fincher - Foto: Divulgação

“Mank”, do diretor David Fincher, que está disponível na plataforma de streaming Netflix desde o início de dezembro, segue uma tradição histórica na filmografia dos Estados Unidos. É uma das grandes atrações da temporada de prêmios estadunidense ao contar uma história que remete a um clássico: “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles.

A Academia de Artes Ciências Cinematográficas de Hollywood, que anualmente confere o prêmio Oscar, sempre que pode coloca entre os indicados metacinemas para disputar a honraria. São produções que têm como o seu pano de fundo o universo da Sétima Arte, pondo em prática o que a crítica especializada chama de “metalinguagem”.

Entre estes laureados podemos citar “O Artista”, vencedor da categoria de melhor filme, em 2011, “Era uma vez... em Hollywood”, indicado ao prêmio principal, melhor diretor (Quentin Tarantino) e ao de melhor roteiro (dentre outros) em 2019, e “La La Land”, que passou alguns minutos como o vencedor do Oscar de melhor filme em 2017 (após uma gafe histórica em que o premiado foi “Moonlight”). Isso apenas para citar algumas produções desta década. Há também nesta lista clássicos como “Cantando na Chuva”, “Cinema Paradiso” e “Nasce uma Estrela”, que já tem três versões.

Dito isso, podemos apontar, com prováveis chances de acerto, que “Mank, de David Fincher, será indicado ao Oscar em várias categorias. Mesmo sendo produzido pela Netflix, que entorta o nariz dos grandes estúdios, há qualidade suficiente nesta película para suplantar as resistências. Feito, inclusive, já conseguido por outros, como “Roma”, que levou três estatuetas (melhor filme internacional, melhor diretor e melhor fotografia), em 2019, “História de um Casamento”, e “O Irlandês”, também da plataforma que foram indicados a melhor filme, neste ano.

Sobre a trama

Além de se tratar de metacinema, Mank tem um roteiro consistente e revelador das estranhas da indústria de Hollywood. Aos olhos do homem contemporâneo, muitos fatos seriam considerados como temperados com boas doses de deslealdade com a realidade. O filme retrata a história do roteirista Herman Mankiewicz (Gary Oldman), considerado um dos melhores de sua época (dos anos 1930 até 50). Mankiewicz – o Mank do título – era descontente sobre as estratégias usadas pelos grandes estúdios para dominar a cena política, com a produção de notícias falsas para as telas das salas de projeção, favorecendo candidaturas republicanas e buscando derrotar os democratas. Alguma semelhança com os dias de hoje?

Por conta das inúmeras indisposições do roteirista com os dirigentes de estúdios, somado ao seu alcoolismo e vício em jogatinas, Mank é jogado ao marasmo. Neste momento sofre um acidente automobilístico, quando engessado e deitado em uma cama, dita para sua assistente o roteiro de “Cidadão Kane”, filme que encabeça muitas listas da melhor produção cinematográfica já realizada, sob a direção de Orson Welles.

O novo texto de Mankiewicz não chega às telas com facilidade. Inclusive, Welles, de acordo com o filme, sugere a permanência do autor no anonimato, para evitar resistências ainda maiores dos estúdios cinematográficos. O resto pertence à história. Vale ainda destacar que o único Oscar arrebatado por “Cidadão Kane” foi exatamente o de roteiro. Quem já assistiu ao premiado filme de 1941, certamente irá identificar cenários e personagens da obra do século passado na produção de Fincher.

Mais do que simplesmente contar como foi escrito o roteiro de “Cidadão Kane” e suas implicações para o cinema que começava a experimentar a fala dos atores nas produções, Fincher nos dá a possibilidade de conhecer um pouco além do que se passava na indústria cinematográfica do século passado, e entender algumas nuances que até hoje são aplicadas para fazer a fantasia da narrativa ser introjetada nas mentes humanas. Algo como acreditar que King Kong tinha de fato dez metros de altura.

Merece destaque ainda que o filme seja conduzido pelo cineasta célebre por obras como “Seven – Os Sete Crimes Capitais” (1995), a versão norteamericana de “Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2011) e “Garota Exemplar” (2014).

Serviço: Mank (Estados Unidos, 2020). Direção: David Fincher. Elenco: Gary Oldman (Herman Mankiewicz), Amanda Seyfreld (Marion Davis), Lily Collins (Rita Alexander), Tom Pelphey (Joe Mankiewicz), Arliss Howard (Louis Mayer), Tunppence Milddleton (Sara Mankiewicz) e Sam Troughton (John Houseman). Disponível na plataforma para assinantes Netflix.

JS/SC

 

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