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Aumento do número de queimadas no Ceará pode trazer problemas respiratórios; entenda o que fazer para se prevenir

Por Assessoria de Imprensa da Sesa, com Núcleo de Comunicação Interna da Alece
22/11/2023 10:13

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Nos últimos meses, Corpo de Bombeiros registrou 1.296 ocorrências de incêndios florestais no Ceará Nos últimos meses, Corpo de Bombeiros registrou 1.296 ocorrências de incêndios florestais no Ceará - Foto: Juliel Veras - Ascom Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema)

Com as mudanças climáticas e também a chegada do período de estiagem, o número de queimadas tem aumentado em todo o Ceará. Somente nos dois últimos meses, o Corpo de Bombeiros registrou 1.296 ocorrências de incêndios florestais no Estado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em todo o ano de 2023, foram 3.242 focos de queimadas em vegetação, o que representa um crescimento de 147%, se comparado aos números de 2022. Essa é a maior estatística sobre o problema desde 2017.

De acordo com a pneumologista responsável pelo Programa de Asma Grave e de Difícil Controle do Hospital de Messejana (HM), Isaura Espínola, os incêndios decorrentes da prática na agricultura e da queima de lixo doméstico e industrial geram uma fumaça tóxica que prejudica a saúde das pessoas. “A fumaça está repleta de partículas minúsculas, como sulfatos, nitratos, amônia, cloreto de sódio, fuligem e monóxido de carbono, chamados de material particulado. Essa fumaça tóxica, quando atinge as pessoas, causa vários sintomas, a depender do tipo de material contido na fumaça, da quantidade e tempo de exposição”, explica.

Com a inalação, surgem vários sintomas. “Inicialmente, as pessoas podem apresentar irritação na garganta, olhos e narinas, alergia na pele e sintomas respiratórios, como tosse persistente. Quando são inaladas grandes quantidades de fumaça tóxica, ela atinge o sistema respiratório, no caso, os alvéolos, prejudicando as trocas gasosas e dificultando o oxigênio a chegar aos tecidos. A partir daí podem surgir dores de cabeça, sonolência, náuseas, confusão mental e até levar ao coma e à morte”, alerta a pneumologista.

O material particulado presente na fumaça tóxica pode continuar agindo por longa data no organismo, principalmente quando há exposição crônica. “Essa exposição, no decorrer do tempo, pode causar alguns tipos de câncer, como de pulmão e leucemia, além de doenças respiratórias, como enfisema, asma e outras”, esclarece.

A pneumologista também orienta que, se houver fumaça nos arredores, as pessoas devem usar máscaras de proteção e não descuidar da hidratação. “É importante beber mais água, evitar os ambientes externos atingidos pela fumaça, usar protetor solar e, sobretudo, combater a prática de queimadas, que desencadeiam vários prejuízos à saúde e ao meio ambiente”, ressalta.

Crianças, gestantes, idosos, pessoas com comorbidades (como hipertensão e diabetes) e aqueles que já sofrem de problemas respiratórios são os mais vulneráveis à exposição.

Nota técnica orienta profissionais de saúde sobre queimadas

Para agir contra o problema, desde 2022, a Sesa formou um grupo de trabalho em parceria com várias secretarias e entidades da sociedade civil (Sema-Previna, Seduc, Prevfogo-Ibama, Centro de Tratamento de Queimados-IJF, Defesa Civil Estadual, SDA, Fetraece e Uece) e elaborou uma nota conjunta, voltada para profissionais de saúde, com orientações técnicas sobre queimadas e incêndios florestais.

A contaminação do ar, solo e água causada pelo fogo pode ocasionar acidentes de trabalho, acidentes por animais peçonhentos, intoxicações e problemas de pele. Essas doenças e agravos relacionados ao trabalho precisam ser notificados, como explica a assessora técnica da Célula de Vigilância em Saúde do Trabalhador, Luciana Masullo.

“Bombeiros e combatentes de queimadas constituem o grupo de trabalhadores com mais alto risco. Também os brigadistas, policiais, voluntários, agricultores, apicultores e outros trabalhadores das lavouras, que são passíveis de acidentes por animais peçonhentos durante as atividades. Em caso de acidente, é necessário comunicar à Unidade de Saúde de atendimento ou à vigilância epidemiológica para que seja realizada a investigação e a notificação compulsória de Doenças/Acidente Relacionadas ao Trabalho (Darts)”, salienta.

Questão climática pode favorecer alta de queimadas

O Ceará possui características climáticas favoráveis a incêndios florestais, principalmente nos períodos de menos chuva e aumento dos ventos, que ocorrem no segundo semestre do ano, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema).

É o que explica Carollyne Matos, orientadora da Célula de Políticas de Flora da Coordenação de Biodiversidade da Sema e coordenadora do Programa de Prevenção, Monitoramento e Controle de Queimadas e Combate a Incêndios Florestais (Previna). “O quantitativo de incêndios florestais aumenta, especialmente entre setembro e dezembro, que é o período crítico de incêndios em ambientes naturais. Além do aumento da temperatura, há mudanças globais, a exemplo do El Niño, que afetam outras condições meteorológicas de umidade e precipitação”, explica.

Ela também aponta a falta de conhecimento da população sobre o impacto de ações como o descuido com fogueiras, por exemplo, como um fator importante para o aumento desses números. “Incidentes como o descarte irregular de bitucas de cigarro, limpeza de áreas utilizando o fogo, descuido com fogueiras de acampamentos, queima de lixo, fenômenos como raios, fatores culturais, extrativismo, expansão de áreas rurais, incêndios criminosos e técnicas inadequadas de produção rural”, finaliza.

Sobre o combate às queimadas, a orientadora da célula de Vigilância Ambiental da Sesa, Úrsula Caminha, afirma que estão sendo realizadas oficinas regionalizadas para a implantação do Programa Vigidesastres – Vigilância em Saúde dos Riscos Associados aos Desastres no interior do Estado.

“Nesse programa, estamos instigando os municípios a elaborarem seus planos de ação ou de preparação e resposta, frente aos desastres. Ainda neste mês, vamos realizar um webinário na interface de Vigilância em Saúde Ambiental e em Saúde do Trabalhador, sensibilizando sobre as notificações de queimadas”, afirma.

Cuidados para evitar incêndios

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Ceará, é possível prevenir os incêndios florestais com medidas simples, como jogar água ou terra no local, após finalizar uma fogueira, por exemplo.

Manter fósforos, velas e isqueiros fora do alcance de crianças também é uma precaução fundamental. Outra orientação: antes de acender fogueiras, é importante se certificar de capinar a área ao redor e remover o mato seco. Essa prática diminui o risco de faíscas se espalharem e causarem ignições.

Edição: Salomão de Castro

 

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