1º de maio: data que marca luta dos operários por melhores condições de trabalho chega aos 135 anos
Por ALECE30/04/2021 18:22
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Neste sábado, dia 1º de maio, se comemora o Dia do Trabalhador, data que remonta a um fato ocorrido há 135 anos. A data é uma referência direta ao dia 1º de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para oito horas. No Brasil, embora haja registros de manifestações operárias já no fim do século 19, a data foi oficializada em 1924 — durante a gestão do presidente Artur Bernardes (1875-1955) — mas, como atestam historiadores contemporâneos, acabou sendo cooptada pela máquina estatal alguns anos mais tarde, na gestão de Getúlio Vargas (1882-1954).
De acordo com o historiador Carlos Pontes, do Memorial Pontes Neto (Malce) da Assembleia Legislativa do Ceará, o dia 1º de maio foi escolhido em razão de uma onda de manifestações e conflitos violentos que se desencadeou a partir de uma greve geral. O movimento, segundo ele, paralisou os parques industriais da cidade de Chicago, no dia 1º de maio de 1886. Para se compreender os motivos que levaram os trabalhadores à greve e o porquê da escolha desse dia como marco de memória, é necessário conhecer um pouco do contexto do período.
“Até meados do século XIX, os trabalhadores jamais pensaram em exigir seus direitos trabalhistas para seus patrões, apenas trabalhavam. A formação da classe operária demandou uma série de necessidades que nem sempre eram efetivamente cumpridas pelos patrões. As horas trabalhadas eram, muitas vezes, excessivas e a relação entre empregado e empregador nem sempre era amistosa. Nesse contexto, surgiram os sindicatos e os movimentos de trabalhadores”, avalia o historiador.
Mas, a partir de 1886, aconteceu uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago, para reivindicar a redução da jornada de trabalho (de 13 horas para 8 horas diárias), e, em 1º de maio desse ano, milhares de pessoas foram às ruas iniciando uma greve geral nos Estados Unidos, explica Carlos Pontes. Os conflitos estadunidenses ficaram conhecidos como Revolta de Haymarket.
“Três anos após as manifestações nos Estados Unidos (20 de junho de 1889, precisamente), foi convocada em Paris uma manifestação anual para reivindicação das horas de trabalho e foi programada para o dia 1º de maio, como homenagem às lutas sindicais em Chicago. No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado. Após alguns anos, outros países também seguiram o exemplo da França e decretaram o dia 1º de maio como feriado nacional dedicado aos trabalhadores – dentre eles, o Brasil”, recorda Carlos Pontes.
O Dia do Trabalhador no Brasil
No Brasil, o Dia do Trabalhador só foi reconhecido em 26 de setembro de 1924 por meio do decreto nº 4.859 assinado pelo então presidente Artur Bernardes. A criação da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) foi instituída através do Decreto-Lei nº 5.452, em 1º de maio de 1943, na gestão de Getúlio Vargas. Durante o governo Vargas realizavam-se grandes manifestações que incluíam música, desfiles e normalmente o anúncio de alguma nova lei trabalhista. “Até hoje, alguns governos do mundo seguem a tradição e comunicam o aumento do salário mínimo nesta data”, frisa o historiador.
A menção ao dia 1º de maio – data também citada como Dia do Trabalho – começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída e começava um processo do desenvolvimento da indústria brasileira. Nas duas primeiras décadas do século XX, iniciaram-se os movimentos de trabalhadores organizados, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas.
A força que o movimento dos trabalhadores adquiriu era tamanha que, em 1924, o então presidente Arthur Bernardes acatou a sugestão que já ventilava em várias partes do mundo de reservar o dia 1º de maio como Dia do Trabalho no Brasil. Dessa forma, desde esse ano, a data passou a ser feriado nacional.
Na época do Estado Novo varguista, a data era deliberadamente usada para eventos de autopromoção do governo, com festas para os trabalhadores e muitos discursos demagógicos. O Dia do Trabalho continua comemorado com manifestações convocadas pelas principais centrais sindicais do Brasil para reivindicar melhores condições de trabalho.
JS
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