Coordenadoria de Comunicação Social

Filho especial, amor em dobro

Por ALECE
09/08/2019 17:53

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Pedro Lucas, Lindoberg e Wrssulla em momento de descontração familiar Pedro Lucas, Lindoberg e Wrssulla em momento de descontração familiar - Foto: Acervo pessoal

Não se planeja ou deseja ter um filho com necessidades especiais. Mas eles são reais e exigem dos pais uma atenção diferenciada, para que possam desenvolver as suas potencialidades, afetividades e ter vida social. O desenvolvimento passa a ser de toda a família, que aprende a lidar com situações antes inimagináveis, e a aperfeiçoar os próprios sentimentos diante do inusitado.

Esta foi a descoberta que a natureza impôs há alguns anos ao servidor da Assembleia Legislativa do Ceará, Lindoberg Silva Santos, técnico em eletrônica lotado na TV Assembleia,. O filho do seu segundo casamento, Pedro Lucas, de cinco anos de idade, foi diagnosticado como do espectro autista moderado. O reconhecimento do autismo do filho foi um processo. A consciência do autismo teve início quando Pedro Lucas começou a engatinhar.

"Neste momento, minha esposa, Wrssulla de Souza Mota e eu começamos a perceber que o comportamento dele tinha algo de estranho, quando comparávamos aos primos dele, aproximadamente da mesma idade. A gente mora em um sítio em Aquiraz, e há a convivência com os parentes. A gente falava algo e ele não obedecia. Daí veio a suspeita de que ele tinha alguma dificuldade", revela.

A descoberta

Mas somente aos dois anos e nove meses de idade, chegou-se ao diagnóstico definitivo da síndrome, sendo classificado como autista moderado pelo médico neuropediatra Evaldo Leandro Júnior. Pedro Lucas tem uma irmã, Bianca Costa Silva, de 13 anos, filha do primeiro casamento de Lindoberg. De acordo com o pai, a convivência entre os dois é bem próxima, já que ela passa os finais de semana no sítio do pai. "Bianca nunca demonstrou ter sido afetada com o autismo do irmão, sendo bem fraterna com ele", diz.

A confirmação do autismo não foi um processo fácil para Lindoberg. Ele lembra que logo após o diagnóstico, no primeiro momento, não quis aceitar a realidade e isso gerou uma certa perturbação no ritmo natural do casal e da família. "Mas em seguida, comecei a vê-lo com  outros olhos. A mãe aceitou de imediato, o abraçando. Amor de mãe é incrível, supera tudo", define.

Diante das necessidades que surgiram, inclusive econômicas, pelas demandas de medicamentos e alimentos diferenciados, o casal conseguiu um benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que ajuda bastante na manutenção das necessidade. "O meu salário era suficiente, mas devido aos custos bastante elevados dos remédios, eu não teria como fazer frente a essas novas despesas. Quando foi receber o primeiro benefício, Wrssulla chorou de alegria. Tinha a consciência do quanto isso iria facilitar a nossa vida" acentua.

O momento de superar obstáculos internos

Da quase não aceitação do autismo, no início, Lindoberg foi ao polo oposto. "Hoje é um orgulho ter esse filho", frisa. O servidor recorda que durante a ida ao neuropedriatra, a primeira reação foi de incredulidade. "Achava que poderia acontecer com qualquer outra família, menos com a minha. Houve muitas discussões entre mim e minha esposa. Era a forma que eu demonstrava de não aceitar, mesmo sem falar isso textualmente", avalia. Por conta da não aceitação, Pedro Lucas foi levado a nova consulta, e o novo diagnóstico confirmou o quadro. "Aí a ficha caiu", diz.

Lindoberg assegura que procura ter uma rotina mais normal possível. "A gente tenta fazer com Pedro Lucas se sinta uma criança normal. De manhã, quando ele acorda, a gente o traz para brincar fora de casa, onde há bastante espaço no sítio, com as suas primas. Há algumas brincadeiras que ele não gosta e não interage, mas participa de outras. Podemos dizer que é uma rotina de uma família normal", define.

Construindo o futuro desde já

As coisas só não são tão fáceis e triviais quando o passeio é em um shopping, principalmente quando Pedro Lucas passa diante de uma vitrine de brinquedos. "Aí ele insiste, faz de tudo para que a gente compre. Percebemos alguns olhares de reprovação de outras pessoas, que não sabem do autismo, e ficam pensando que nós não damos educação ao nosso filho, porque ele é muito bonito e não aparenta ser autista. Isso nos incomoda um pouco. Há esses momentos dificultosos, mas estamos indo, e a cada dois meses levamos ao médico para nova avaliação", revela.

Todas as terças e quintas-feiras, Pedro Lucas tem acompanhamento do Núcleo de Assistência Médica Integrada (Nami), da Universidade de Fortaleza (Unifor), além de frequentar colégio com sala especial em Aquiraz, tendo direito a uma "madrinha" que oferece atenção especial somente a ele, designada pela prefeitura, além da professora.  Na sala especial, o menino participa de atividades dedicadas ao desenvolvimento da fala e da psicomotricidade.

Para as pessoas que desejam conhecer um pouco mais do autismo, Lindoberg recomenda a série "The Good Doctor", disponível por meio do Globoplay, que tem como protagonista o médico recém-formado Shaun Murphy, com síndrome do espectro autista e que enfrenta preconceitos no exercício profissional. "Estou no nono capítulo da primeira temporada. Sempre que assisto me emociono e dá para imaginar que meu filho também vai evoluir. Não que chegue a ser doutor, mas desejo que também encontre o seu caminho", afirma esse pai especial.

JS/SC

 

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