A ressignificação da maternidade em consequência do isolamento social
Por ALECE06/05/2020 18:35
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A rotina necessária para enfrentar a quarentena, decorrente do esforço de contenção do Coronavírus, tem modificado as formas de viver de todas e todos. Principalmente quando se é mãe de duas filhas, sendo necessário se dividir entre atividades domésticas que antes não realizava, atenção para a prole e desenvolvimento do trabalho remoto, para o Departamento Legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará. Este é o caso de Ludmila Mamede, genitora de Giovana, de 18 anos, e de Sara, de cinco.
“Ser mãe foi o melhor presente que Deus me deu, porque é crescer, amadurecer, é entender o real motivo do meu propósito de vida, do amor, do que eu sinto por elas. Ser mãe é lindo, é solidario, é intenso, é dificil, é para sempre, e é muito gratificante”, define a assessora.
Mas a reclusão tem causado alguns transtornos na sua vida e de suas filhas. Segundo ela, esse período não tem sido fácil, por causa da diferença entre a rotina anterior e a atual. “Estamos lidando com essa restrição de forma paciente e bem humorada. Aproveitamos para assistir filmes juntas, organizamos a casa, cozinhando, fazendo atividades físicas e até nos arrumando pra irmos para alguma festa, em casa, como foi no dia do meu aniversário”, explica, em referência ao dia 25 de abril passado.
Mesmo com todos os transtornos causados pela quarentena, a mãe percebe traços positivos. Segundo ela, antes da reclusão, sua atividade laboral tinha horários meio que imprevisíveis, em decorrência das atividades plenárias. Ela é uma das responsáveis pelo controle de presença e inscrição de oradores nas sessões. Por isso, a partir de sete horas já estava no seu local de trabalho, o que a levava a concluir sua jornada apenas após o encerramento do funcionamento do plenário. “Com isso, era impossível nos reunirmos, as três na hora do almoço”, explica.
A definição dos papéis em casa
Com o isolamento social, as refeições passaram a ter horários fixos – sempre preparadas por Ludmila, com o auxílio das crias. “Parece fácil e divertido, mas o fato é que o confinamento testa nossa ansiedade e nos coloca no limite. Ainda mais quando se tem uma criança em casa e ninguém sai. Só eu quem vou para o supermercado. Até porque estou trabalhando em casa, além de cumprir minhas tarefas de mãe, dona de casa, e “professora” da menor. Isso torna-se muito estressante e cansativo”, desabafa.
Ludmila lembra que desde o início do isolamento social, só tem visto a mãe através de chamada de vídeo pelo celular, pois ela é grupo de risco. “Não é facil nem pra ela e nem pra nós, pois nos víamos quase todo dia, tanto eu como minhas filhas. Mas o mais importante disso tudo para mim e para Sara e Giovana é que estamos juntas e entendemos que somente a solidariedade e a justiça social vão nos salvar. E que isso é necessário. Mas a quarentena fez também com que nos aproximássemos mais e passássemos mais tempo juntas, coisa que nao fazíamos em tempos normais. A lição que quero passar pra elas disso tudo é que a vida é isso: uma montanha russa de emoções em que somos instigados a vencer os medos e sermos melhores a cada dia”, afirma.
Educação entre as prioridades
Agora há tempo até para a realização de atividades físicas conjuntas, frisa Ludmila. Ela revela que recebe de uma amiga personal trainner vídeos de exercícios, nos quais são utilizados quilos de feijão, cabos de vassoura e outros artefatos domésticos nas atividades. “Diariamente, fazemos em torno de 50 minutos de ginástica, o que, além de nos deixar com melhor condicionamento, também tem um lado lúdico”, pontua.
Uma das dificuldades que Ludmila encontrou foi convencer a filha mais nova de que a quarentena não significa o período de férias, e de que precisa acompanhar as atividades da escola por meio da Internet. “Giovana já tem responsabilidade e tem acompanhado normalmente as aulas. Sara, no entanto, às vezes fica relutante, e eu preciso convencê-la da importância de se concentrar para as aulas remotas”, acentua.
Nas demais necessidades, Ludmila diz que as duas têm procurado cumprir as suas tarefas, como arrumar a casa e guardar brinquedos, dentre outras atividades. Uma autêntica ressignificação da maternidade provocada pelo isolamento social.
JS
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